sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Manchester - Parte 1

Das duas uma: ou eu não tenho a menor capacidade de resumir ou então realmente os meus passeios produzem tanta coisa para contar que eu tenho que dividi-los em dois posts.

Com Manchester não foi diferente. Manchester é uma cidade que fica no norte da Inglaterra, bem longinho de Bristol (bem mais longe do que Londres). É uma das mais importantes cidades do país, mas já teve importância maior tanto no cenário inglês como no cenário mundial.



Vou dividir os posts de maneira não-cronológica desta vez. Agora vou contar um pouco da história de Manchester e como isso pode ser apreciado por quem visita a cidade. Portanto, apertem os cintos.



Manchester é famosa principalmente por uma razão: no século XIX a cidade foi o maior pólo industrial do planeta, pois suas fábricas foram decisivas para transformar a Inglaterra na primeira e principal potência da época, liderando a chamada Revolução Industrial. Mas o que foi mesmo a Revolução Industrial?

A Revolução Industrial, que todos nós estudamos no colégio, foi o momento da história em que as ferramentas manuais passaram a ser substituídas pela máquina. Até então as indústrias eram todas manuais e em geral tinham produções em pequena escala. O que possibilitou esta mudança foi, em resumo, a chegada da energia a vapor. Movidas pelo carvão, máquinas a vapor de todos os tamanhos permitiram uma produção muito maior e mais rápida. Isto causou uma mudança enorme na produção de bens de todos os tipos, geração de empregos, surgimento de novas e poderosas indústrias e lucros. Ao mesmo tempo trouxe grandes mudanças sociais, novos costumes, necessidade de deslocar pessoas de áreas rurais para as cidades, de forma a atender a demanda de mão de obra. Era como se a vida das pessoas tivesse virado de cabeça para baixo, ou como se uma autêntica revolução tivesse acontecido. Nada mais natural então, que este momento passasse a ser conhecido daí para a frente como "Revolução Industrial". Infelizmente, junto com o desenvolvimento por ela trazido, veio também a exploração desumana dos trabalhadores, em um mundo onde ainda não havia leis trabalhistas para protegê-los. A Inglaterra foi o pais precursor da Revolução Industrial. Suas minas de carvão, o bem estruturado sistema de transporte deste mineral através de canais, bem como sua excelente rede ferroviária, deram aos ingleses a dianteira neste novo mundo movido a vapor. E cidades como Manchester tiveram uma participação decisiva naquele momento, que foi o início do período áureo da Inglaterra.

Ok, ok, chega de aula. Vamos ver como o turista bobão aqui pôde de fato vivenciar a Revolução Industrial nas alamedas de tijolos vermelhos de Manchester.

A cidade tem um bairro quase inteiro no estilo do século XIX. Só andar pelo bairro já é como andar num museu a céu aberto. Ele chama-se Castlefield e fica relativamente perto do centro da cidade. Dentro dele encontra-se talvez a maior atração de Manchester, o MOSI, Museu da Ciência e Indústria. Os próprios prédios do museu (são 5) ficam em antigas fábricas de verdade da cidade. E eu acho que já disse isso aqui, mas repito: inglês sabe fazer museu. E tudo de graça.





O primeiro prédio que entrei era o dos motores e energia. Motores propulsionados por vento e água foram trocados pelos propulsionados pelo vapor gerado a partir da queima do carvão. Ser um engenheiro nessa época na Inglaterra deveria ser muito divertido, pois cada motor era construído para uma determinada função. E lá os monitores botam os motores para funcionar, então todo mundo pode ver como a energia é produzida a partir da queima de umas pedrinhas. Para quem nunca viu ou para quem não sabe como funciona um motor, como as crianças, deve ser uma descoberta fascinante. Um dos maiores motores aqui era o que propulsionava a Ponte de Londres a içar para os navios passarem.



Em seguida fui ao prédio do transporte e das comunicações. A revolução dos motores acabou levando ao desenvolvimento de sistemas de transporte mais rápidos e eficientes, trazendo a população do campo para a cidade. Daí vieram os trens e suas locomotivas a vapor. E depois os veículos movidos a motores de combustão. E mais tarde os primeiros aviões. E com as pessoas mais longe umas das outras e os negócios aumentando, desenvolveu-se a telecomunicação, a fotografia e a imprensa. Tudo retratado fielmente por máquinas da época.



O terceiro prédio pra mim foi o mais sensacional. É o prédio das fábricas e equipamentos. Sabe o que é ver um tecido de algodão sendo feito na sua frente, passo a passo, desde o algodão sujo vindo das plantações, tudo com máquinas do século XIX? Eu achei o máximo. Eles têm apresentações diárias (que duram 1 hora cada mais ou menos) onde eles mostram como as máquinas realmente operavam, usando equipamentos originais da época. Tem algodão e papel, duas das principais indústrias da cidade. Naquela hora estavam apresentando a de algodão. Interessante que Manchester era conhecida como Cottonopolis (ou cidade do algodão) em função do assombroso número de fábricas como aquela que existiam na cidade, tornando-a por muitas décadas o principal pólo têxtil do globo. O algodão primeiro é limpo, depois separado em função dos tamanhos, depois os de mesmo tamanho são agrupados, depois juntados para formar fios mais grossos, depois enrolados para dar resistência aos fios, depois enrolados ainda mais para dar mais resistência, depois entrelaçados para dar o padrão de tecido, e finalmente cortados na forma de tecidos úteis para venda. Cada etapa dessa têm uma máquina especial, todas funcionando com energia a vapor. O barulho é ensurdecedor (isso porque era 1 máquina, imaginem centenas juntas dentro de um mesmo prédio). Crianças a partir de 5 anos trabalhavam embaixo das máquinas em cantinhos onde ninguém podia chegar. Mulheres faziam trabalhos mais leves (como aspirar um dos instrumentos para enovelar o algodão) e os homens os que exigiam mais força (como puxar as prensas dos teares). Todos ficavam surdos, com os pulmões cheios de poeira, sem um braço ou perna cortados pela máquina, mas tudo em nome da produção, sem direitos trabalhistas.





O quarto prédio foi outro genial. Talvez não tanto quanto o anterior porque muita coisa que eu vi lá eu já conhecia ou sabia como funcionava. É o prédio da Ciência. Manchester virou uma cidade riquíssima, atraindo gente e negócios, e consequentemente cultura e conhecimento. Professores e cientistas de várias áreas vieram para a cidade para fazer seus estudos, pois lá havia dinheiro para montar uma boa estrutura e equipamentos. A maioria foi trabalhar na Universidade de Manchester, que virou uma das mais renomadas do mundo, mantendo seu prestígio até hoje (foi de lá que saiu o Nobel de Física desse ano, a descoberta do grafeno). Destaco três cientistas muito bem retratados lá:

- Joule (lê-se Jú, ou então o Teng te morde!) foi um físico que descobriu que o calor é uma forma de energia, não um fluido conhecido como calórico. Essa descoberta só foi possível devido à criação e construção de equipamentos precisos de medição de temperatura, que sem o dinheiro gerado por Manchester não seria possível. Essa descoberta levou em última análise à Primeira Lei da Termodinâmica, a lei da conservação da energia. Sem essa Lei a ciência como conhecemos hoje simplesmente não existiria.

- Dalton foi um inglês especializado em não ser especialista em nada. Era um cientista completo, por assim dizer. Sabe o daltonismo, síndrome de pessoas que não distinguem as cores? Foi Dalton quem descobriu (ele próprio era daltônico). Sabe a chuva? Foi ele que explicou que ela advém de uma mudança de temperatura, não de pressão atmosférica. Mas suas mais famosas pesquisas foram no campo da Física e da Química. Foi ele quem disse que a matéria é constituída de átomos, bolinhas indivisíveis que compõe tudo que existe (antigamente pensava-se que a matéria poderia ser dividida quantas vezes se quisesse). Isso foi uma descoberta absolutamente brilhante e que revolucionou os estudos em Química. Deu origem aos conceitos de elemento químico, massa atômica, reação química. Além disso, algumas das mais importantes leis que governam o comportamento dos gases foram elaboradas por Dalton. E os equipamentos e notas de laboratório de Dalton lá expostos no museu. Pode parecer tosco, mas juro que arrepiei. Ah, com tudo isso ele nunca teve tempo para se casar...





- Rutherford foi o cara que basicamente disse que Dalton estava errado. Seus estudos vieram quase 100 anos depois dos de Dalton, portanto equipamentos e conhecimentos disponíveis foram muito superiores aos disponíveis quando Dalton propôs a teoria atômica. Na verdade, muito do que Dalton propôs estava certo, mas suas afirmações sobre o átomo ser uma esfera neutra, rígida e indivisível estavam erradas. Mas como que alguém conseguiu provar isso se até hoje não é possível ver como o átomo é por dentro? Em função de pesquisas paralelas de gente como Maxwell e Einstein sobre estrutura da radiação e da luz, Rutherford fez um testezinho bacana passando um feixe de partículas alfa (de carga positiva) por uma chapa fininha de ouro, ele verificou que o feixe se desviava ou era rebatido quando batia na chapa de ouro. Ora pois, se o átomo é indivisível e não tem carga, como isso é possível? Isso o levou à formulação do modelo atômico de Rutherford (que até hoje é o mais conhecido popularmente), com um núcleo pequenininho de partículas positivas (prótons) rodeado por elétrons ainda menores orbitando loucamente ao redor do núcleo e cheio de espaço vazio. Esse modelo foi outro passo gigantesco para a verdadeira compreensão de como é matéria é feita. E imagine eu, químico que sou, diante da famosa chapa de ouro de Rutherford. Fiquei na sala dele quase meia hora (e quase sozinho).







Enfim, acho que deu para vcs terem uma boa ideia do porquê Manchester se tornou o centro de produção de bens e conhecimento que transformaram o mundo para sempre, para o padrão de vida que hoje vivemos.

Classe dispensada!

domingo, 24 de outubro de 2010

Mea Culpa



Quem conversou comigo nessas últimas semanas talvez tenha ouvido eu falar mal dos japoneses que moram nos outros quartos aqui na minha casa. Essa é a chamada fase de aversão cultural a tudo o que é estrangeiro, típica de quem vem morar em outro país. Mas no meu caso tudo foi concentrado nos japoneses, não nos ingleses. Reclamei que todos os meus vizinhos de andar são de lá, parecia até que eu moro em Tóquio. Falei que eles só se falavam entre eles e não se socializavam. Vi que eles se vestem das maneiras mais bizarras, gritam altíssimo e são fissurados em gadgets tecnológicos. Reclamei da sujeirada que eles faziam no corredor, deixando o lixo para fora e sujando o hall de entrada. Vi pessoalmente duas meninas carregando seus lixinhos (com aquele ar de nojinho) para a sala onde há um cesto e simplemente jogando o lixo no chão, não se dando ao imenso trabalho de colocá-lo na lixeira.

Enfim, difamei os japoneses para quem quisesse ouvir.

Daí alguns alguns eventos aconteceram nesta semana:

a) Na quarta-feira tivemos uma reunião com os moradores dos 45 quartos aqui da moradia estudantil. Metade era oriental. E a metade fica juntinha, num grupinho à parte. De praxe, os procedimentos contra incêndio e as regras gerais da casa foram dados, mas alguns deles nem se deram ao trabalho de parar de falar aquele código que eles falam entre eles para ouvir as instruções.

b) Na sexta-feira vi novamente uns saquinhos plásticos cheios de lixo do lado de fora do quarto da japonesinha maluca que não fala, só grita. E já não foi a primeira, segunda ou terceira vez que vi isso. E isso é proibido, dito inclusive na reunião de quarta-feira. Além de ser uma porquice, tem um lugar dentro do quarto onde as pessoas podem deixar o lixo. Pensei duas vezes em furar o saquinho e espalhar o lixo na porta... mas me contive e segui para o meu quarto.

c) Naquela mesma noite, às 2 da madrugada, tocou o alarme de incêndio. Pra quem nunca ouviu, é um barulho do cacete, que multiplicado pelo número de apartamentos que há na casa torna-se um som ensurdecedor. E como o Thiago bem sabe por experiência própria, vc tem que sair imediatamente do prédio. Bom, além de estar sonolento ao cubo, eu estava só de pijama no calorzinho do meu quarto. Peguei um casaco e saí pela saída de incêndio. Em 30 segundos saí do calor do meu quarto para um frio de 4 graus do lado de fora. E de bermuda e sem meia. E chovendo, claro... Lá fora estavam todos do mesmo modo, umas meninas de camisola e uns rapazes de camiseta (pelo menos de casaco eu estava!). Nessa hora dei graças a Deus de não ter espalhado o lixo no chão, pois atrapalharia toda a fuga do incêndio... ficamos 10-15 minutos do lado de fora até o alarme parar. Ninguém sabia o que tinha acionado o alarme.

d) Hoje descobri que o que acionou o alarme foi a fumaça que veio do quarto de um dos japoneses que esqueceu a panela no fogo e foi tomar banho...

e) E descobri também que não há sequer NENHUM japonês morando aqui. São todos chineses.


Assim, faço aqui um mea culpa com a nação japonesa. Meu estereótipo de japonês se encaixava direitinho com o que eu tinha visto aqui, de seres introspectivos com roupas, cabelo e aparência bizarras, e que são viciados em celulares, ipads, ipods etc. Se fosse só isso tudo bem, mas daí juntei com a porquice que eu vi e pronto, começou meu ódio por eles. E ainda por cima os chineses que eu tinha conhecido aqui até então eram pessoas bem simples (fazia sentido para mim, pois era compatível com a vida deles lá na China) e bem simpáticas, inclusive um casal me convidando para jantar na casa deles um dia. Enfim, tudo apontava para que o crime tivesse sido cometido pelo japonês com o castiçal na biblioteca...

Portanto, formalmente peço desculpas ao Japão.

Em compensaçãpo, F*** Y** China e seu maldito crescimento econômico que produz jovens como mentalidade tão pequena, sem senso de vida em sociedade e que ainda nos fazem sair na rua às 2 da manhã!!!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A crise econômica



Atenção, este post é provavelmente o mais BORING que eu já postei aqui. Portanto eu aviso que se vc não gosta de economia ou quer aproveitar o seu tempo lendo algo mais produtivo, volte em breve e leia o post seguinte que provavelmente não será um ensaio econômico amador como este. Mas eu me empolguei e deu vontade de escrever sobre um assunto que me vem enchendo a cabeça desde que cheguei aqui.

Hoje foi um dia que mudará o futuro do Reino Unido pelos próximos anos. Hoje à tarde o governo britânico divulgou a cartilha de cortes de despesas para tentar conter a crise econômica que atingiu a economia deles a fundo. Não vi a notícia nos jornais brasileiros ainda, mas em todo caso vou tentar explicar o que está acontecendo aqui de um modo indolor para quem se interessar pelo assunto.

- Crise, que crise? O Brasil vai muito bem obrigado - A crise econômica de 2008-2010, como vcs devem se lembrar (ou não), começou num brilhante dia de 2008 quando um tal banco chamado Lehman-Brothers nos EUA faliu. E isso acabou gerando um efeito cascata que afetou em cheio não só os EUA como todo o mundo. O Brasil pegou uma marolinha segundo nosso estimado presidente, e diferentemente do resto do mundo não foi tão afetado pela crise (não vou entrar no mérito se isso foi sorte, mérito do Lula, mérito do FHC etc.).

- Ah, lembrei dessa tal "crise". Mas como ela começou? E afinal o que é essa crise? - Para conseguir o American Dream, um cidadão americano típico, desses caricatos de filmes e séries de TV, tem que ter uma casa com jardim e com garagem para ter de onde tirar seu carro para lavar aos sábados. Para conseguir esta casa, o cidadão norte-americano pede ajuda a um banco. Qual banco escolher? Ora, aquele que dá mais prazo para pagar a dívida, ora pois. E um deles era o Lehman-Brothers, que dessa forma acabou conquistando milhões de clientes. Espertos como eles só, os banqueiros aproveitaram a dependência dos compradores de casas e cobraram altos juros sobre o valor enquanto os anos iam passando. Os americanos iam emprestando mais dinheiro e melhorando ainda mais sua casa, deixando-a mais bonitinha e valorizada como garantia para uma eventual hipoteca. E os bancos também ficavam felizes, pois estavam emprestando dinheiro e lucrariam muito quando os clientes pagassem os empréstimos mais os juros de volta. Então, os bancos começaram a vender seus títulos de crédito (esse dinheiro hipotético que os clientes deviam) para outros bancos e outros clientes. Era um negócio muito bom este, mas algum fofoqueiro começou a espalhar que os valores das casas estavam despecando e isto virou um grande boato. Todo mundo acreditou. A casa que valia 200 dólares e depois passou para 300 milhões, teve seu preço reduzido para 30 dólares. Muita gente já tinha financiado mansões e todos caíram do cavalo. Os estadunidenses aí não conseguiram pagar as parcelas do empréstimo aos bancos. E o banco não conseguia ter seu dinheiro de volta. E os clientes e os outros bancos que compraram os créditos fantasma viram-se sem dinheiro. Daí um banco faliu, o outro em seguida, o outro depois, cidadãos venderam suas casas a preço de banana e começaram a viver em trailers etc. etc. etc. Em resumo, crise econômica mundial.

- OK, ok, eu sabia o que era a crise. Mas como ela afetou tanto o Reino Unido? - Quanto mais rico o país, mais ele é dependente dessa bolha econômica especulativa do mercado de ações, no caso o mercado imobiliário. Imaginem quantos bancos ingleses não estavam metidos em negócios com o Lehman-Brothers e os outros bancos que faliram depois. Então os bancos ingleses também perderam muito dinheiro. E quem é o maior cliente dos bancos em qualquer lugar do mundo? Ora pois, é o próprio governo! Ele empresta dinheiro para financiar obras, pagar salários, bancar a educação e a saúde etc. O dinheiro dos impostos muitas vezes não dá para cobrir tudo. Isso é a chamada dívida pública. E como os bancos ingleses perderam muito dinheiro, eles o querem de volta. E os devedores que tentem pagar. Em outras palavras, o governo britânico tem que pagar a sua própria dívida, a dívida pública. Com que dinheiro? Com o dinheiro que o povo paga em impostos, principalmente. Mas para pagar todos os "14 meses de aluguel", o governo tem que parar de gastar tanto dinheiro. E daí vem os cortes.

- Ufa, finalmente vc chegou onde queria. Que cortes foram esses? - O governo do Reino Unido anunciou nesta quarta-feira o maior pacote de cortes de gastos públicos do país desde a Segunda Guerra. Os cortes incluem cortes em benefícios sociais, o enxugamento na segurança pública e até no orçamento de Defesa. Serão cortados em média 19% dos orçamentos dos departamentos do governo. Os cortes devem provocar o fechamento de quase 500 mil postos de trabalho no serviço público até 2015. Nos próximos quatro anos, os cortes de gastos do governo britânico devem chegar a 81 bilhões de libras (cerca de R$ 214 bilhões). Também devem ser elevados impostos para aumentar a arrecadação em 29 bilhões de libras (cerca de R$ 77 bilhões). No caso dos estudantes, as tais Tuition Fees (que para mim seria de 14000 libras ao ano para estudar aqui em Bristol) vão aumentar em média 20-30%. A idade para aposentadoria também vai aumentar. Apesar disso, saúde e educação se mantém sem cortes. Em resumo, é corte PRA CACETE.

Bom, aproveitem os bons ares do crescimento econômico. Aqui o negócio está bravo. E vai ficar MUITO pior em breve quando as greves e protestos começarem. Podem esperar e conferir no Jornal Nacional nos próximos dias.

Como diria o Seu Creysson, eu agarântio.

domingo, 17 de outubro de 2010

Viajando pelas Terras Médias - Parte 2

Continuando o pequeno conto de Tolkien, lá estava eu em Dárbi (só pra reforçar, viu Galvão), pronto para ir ao jogo. Durante minhas andanças pelo calçadão, e foram muitas, só vi dois brasileiros e quatro ucranianos. O clima da cidade não transparecia em nada que haveria um jogo por ali, ainda mais um jogo da seleção brasileira. Em compensação eu vi muito mais gente pobre na rua do que eu tinha visto em todas as outras cidades que fui por aqui. Suponho que a crise econômica pesada que eles estão vivendo aqui tenha afetado bastante a indústria automobilística local (fábricas da Toyota e Ford), causando um desemprego acima da média no país. E que povinho feio viu, mil vezes as pessoas de Bristol...

Enfim, depois de passear no shopping e verificar que em Derby o preço das coisas é bem maior do que é aqui em Bristol (não sei o porquê), encaminhei-me para o jogo. Usando meu mapinha no celular, fui me guiando pelas ruas da cidade. E o estádio ficava longe do centro, mais de 2 km de distância. Enquando andava, pensava que nunca mais eu chamaria Derby de pequena... O estádio fica na região das fábricas da cidade, portanto pude ver onde boa parte da população local trabalha. A outra metade dos trabalhadores locais trabalha nas fazendas que ficam no entorno de Derby, e é de lá que vem a maioria dos ucranianos que moram na cidade.

Depois de uma boa andança solitária pelo viaduto único de Derby, pude avistar o estádio. Ele se chama Pride Park e pertence ao Derby County, clube da cidade que já foi campeão inglês duas vezes na década de 70. E lá chegando, ouvi pela primeira vez em mais de 2 meses um som familiar...





Foi a primeira vez também que encontrei um monte de brasileiros juntos. A maior parte das pessoas era de Londres ou das cidades próximas nas Terras Médias. Vi torcedor do Goiás, Avaí, Fluminense, Botafogo, Vasco, São Paulo, Palmeiras e Corinthians, mas falei mesmo só com um do Vasco e um do Corinthians, que aliás tinha um cartaz bem interessante...



Os ucranianos que lá chegavam pareciam todos "calibrados" com vodka. Cantando coisas como "Ina, ina, ina, Ukrayina" e outras que não me atrevo a tentar transcrever, eles chegavam fazendo a festa e cantando em coro. E fora que alguns deles estavam sem camiseta num frio de 7 graus (fora a sensação térmica de não sei quantos graus). Os brasileiros cheios de casaco e os ucranianos sem camisa... Alguns brasileiros quiseram provar que eram tão "machos" quanto os ucranianos e resolveram tirar a camiseta também. Não resistiram mais de 5 minutos uhahuahuauha Foi muito interessante ver essa guerrinha entre as torcidas atrás de um dos gols.



Como vocês podem ver, o estádio não estava cheio. Estavam lá apenas 13.088 pessoas, num estádio onde cabem 33 mil. Pode ser o frio, ou o dia e horário impróprios (segunda à noite), ou ainda a seleção brasileira sem os craques conhecidos deles, mas acho que o principal mesmo é que o povo não tem muito dinheiro para gastar, principalmente em cidades do interior. Bom, eu não estava ligando mesmo para nada disso, eu queria mesmo era ver o jogo. Nunca tinha ido ver um jogo do Brasil antes. E quem diria que meu primeiro seria em Derby... Mas, infelizmente, logo na entrada do estádio me deparei com a seguinte placa:



Pois é, tive que deixar meu kit de dardos e meu rádio antigo de mesa do lado de fora. Paciência... Passada a decepção, entrei no estádio. Diferentemente do Brasil, o estádio é muito bonito, limpo, conservado e bem organizado.



E o melhor é que pude ficar pertinho dos jogadores do Brasil enquanto eles faziam o treinamento físico!!! Foram mais de 20 minutos de aquecimento e alongamento. Muito legal.







E os jogadores acenavam ou davam umas risadinhas quando ouviam umas piadas (tipo "André, volta pro Timão", "Robinho lindo" e "Cadê o Kaká?"), mas eles não podiam fazer mais que isso porque senão o preparador físico dava bronca.

Passado o aquecimento, fui para meu lugar. E lá estava até cheio, pois era na lateral do campo. O problema é que estava cheio de ingleses... Ou seja, nada de emoção exacerbada, só gritos de Ohhh, Uhhh, Ahhh e aplausos. Torciam para o Brasil e para a Ucrânia (à lá CK, descendente de ucranianos). Os ingleses até aplaudiram até a entrada do juiz!!!!! Que que é isso!!!!!

Dois ingleses que vieram juntos sentaram na minha frente e não trocaram uma única palavra durante o jogo todo. E eu não estou exagerando!!! Eu por outro lado estava torcendo à brasileira, cantando junto com os brazucas, xingando quando podia e pulando adoidado nos gols. Como levei minha bandeira do Brasil gigante, ficava agitando toda hora que tinha lance emocionante. O menininho do meu lado ficou maravilhado ao me ver comemorando um dos gols com tanta emoção (ou seja, qualquer coisa maior que uns aplausos). E também na hora do hino, pois eu era o único brasileiro nas proximidades e portanto a única voz ouvida por ali (sem contar que eu cantei os dois hinos e cantei o refrão inicial "Espera o Brasil que todos cumprais com vosso dever...", para estranheza de um cara na minha frente...). Acho que o menininho se lembrará de mim se vier a gostar de futebol quando crescer. E a empolgação da "ola" brasileira e dos trenzinhos sem camisa dos ucranianos contrastava fortemente com a completa serenidade (pra não dizer chatice) dos ingleses.





Resumindo, foi muito legal. Ah, um detalhe, teve jogo também. 2x0 Brasil com gols de Daniel Alves e Alexandre Pato.

Mas isso é só um detalhe.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Viajando pelas Terras Médias - Parte 1




Engraçado como até o nome dos lugares aqui são mais chiques. Segunda-feira, por exemplo, atravessei o país em direção às chamadas Midlands, ou Terras Médias, a região do centro da Inglaterra. Parece até que eu estou na Idade Média falando termos como esse. Mais precisamente, em Derby. E não se fala Dérbi como vocês energúmenos de nação subdesenvolvida pronunciam. Aqui os chiques ingleses falam Dárbi. (nem precisa dizer que eu já errei pelo menos umas 10 vezes o nome da cidade...)

Enfim, por que raios eu não estava trabalhando em plena segundona? Aqui 12/10 não é feriado, portanto nada de emenda na segunda ou coisa parecida. A questão era que segunda-feira a seleção brasileira de futebol jogou. E não foi no Brasil. Foi aqui na Inglaterra. E não foi em Londres. Foi em Derby. E não foi contra a Inglaterra. Foi contra a Ucrânia...

Bom, se vocês não entendem a lógica do Brasil vir até um outro país jogar contra uma terceira seleção e ainda por cima numa cidade pequena, vou tentar explicar a vocês. Se vc não se interessa pode pular o parágrafo que não prejudicará o resto da história. A CBF controla a seleção brasileira de futebol. Quanto mais dinheiro ela ganhar com a seleção, melhor. Antes de zelar pelo bom futebol ou pela qualidade do espetáculo, eles zelam pelos bolsos deles. Tanto que terceirizam o direito de negociar os jogos do Brasil para uma empresa suíça, que escolhe quando e onde o Brasil joga. E sempre escolhe onde pagam mais. Por isso quase nunca o Brasil joga no Brasil. E por isso sempre tem jogo no Oriente Médio, por exemplo. Ou na Inglaterra. Deve ter empresário lucrando muito há muito tempo com jogo do Brasil aqui na Inglaterra, pois os clubes aqui só contratam brasileiros se eles jogaram pelo menos uma vez pela seleção. E os clubes aqui tem grana pra caramba pra gastar, então não tem oportunidade melhor para ver novos jogadores em ação, pronto para serem vendidos dos clubes brasileiros para clubes ingleses. Mas por que não Londres? Porque a Inglaterra jogou em Wembley ontem pelas Eliminatórias da Euro-2012, portanto o estádio favorito para a seleção jogar estava reservado. Daí tinham que escolher outra cidade. Escolheram Derby, pois lá tem muita empresa automobilística e muita grana na área tecnológica. Escolhida a cidade, escolheram o time para jogar contra. Escolheram a Ucrânia. E por quê? Porque todas as outras seleções europeias estão ocupadas jogando as Eliminatórias da Euro-2012, mas a Ucrânia não pois já está classificada por ser o país sede. A desculpa oficial é que o Brasil queria prestigiar o interior da Inglaterra jogando contra uma seleção europeia forte numa cidade com grande colônia ucraniana (sem mencionar que são todos fazendeiros e nem tem dinheiro para ir ao estádio).

Enfim, aí o Brasil jogou contra a Ucrânia em Derby, e eu fui. Além de eu estar em abstinência de ver futebol, pois ver o Bristol City não conta, era o Brasil vindo até o país onde eu estou. Nunca tinha visto um jogo do Brasil no estádio, portanto era uma oportunidade única para mim também. E de tabela conhecer uma cidade relativamente pequena para a qual eu nunca iria. E, além disso, a ciência pode esperar um dia a mais por mim hehhehehe

Isto posto, comprei o ingresso pela internet, comprei a passagem de ônibus e, como não havia ônibus ou trem desde Derby até Bristol de noite, tive que reservar um quarto de hotel para passar a noite. Depois de 2 horas num ótimo ônibus numa ótima estrada e com uma irritante pontualidade, cheguei a Birmingham. Birmingham (outro nome chique pra burro) é a segunda maior cidade da Inglaterra (atrás de Londres), coração das Terras Médias da Inglaterra,, cidade industrial e de negócios, muito como São Paulo. E por isso ninguém se interessa em visitar Birmingham, como ninguém se interessa em visitar São Paulo... Enfim, depois de uma escala lá, mais 1 hora de ônibus rumo ao norte até a cidade de Derby.



Cheguei na hora do almoço. A estação era perto do centro, e lá tinha um i. Peguei um mapa da cidade e sentei num banco em frente para folheá-lo. Logo vi que a principal atração da cidade era a Cathedral Square, ou quarteirão da catedral. E era exatamente onde eu estava... logo percebi que seria uma longa tarde até o jogo...



Mas não foi tão ruim assim. A cidade é pequena, bem menor que Bristol. Mas o calçadão central até que é legal, com umas lojas e tal. E tem o shopping. A segunda maior atração da cidade. Bem o que eu gosto de fazer, ir a uma cidade para fazer compras e olhar vitrines! Ironias à parte, depois do banho de loja (!), visitei a Catedral de Derby, que é bem velha (do ano de 943), e o Museu de Derby, que tem umas coisass bem velhas que contam a história da região desde a época romana até os dias atuais. Lá tinha uma área sobre geologia que realmente me impressionou pela capacidade em tornar um assunto potencialmente tão boring (eu não acho) em algo bem legal. E tem também muitas pinturas de Joseph Wright, um pintor inglês muito famoso aqui e que pintou muita coisa relacionada à Revolução Industrial. O cara é o orgulho de Derby, e com razão, pois as pinturas dele são muito animais (não podia tirar foto dentro do museu, mas eu postei uma réplica de um quadro famoso dele - procure no google pois vale à pena, especialmente para nós que pouco vemos pintura relacionada à ciência, ainda mais do século XVIII). E o melhor: pude apreciá-las na mais absoluta tranquilidade (para não dizer solidão) de um museu vazio.







Depois do jogo (que será a Parte 2 da história), peguei um ônibus até o centro da cidade. Lá chegando, 21h45, percorri o calçadão (que à essa altura já conhecia de cor...) em busca de um lugar para jantar. Ledo engano, tudo fechado. E os supermercados? Fechados. E o shopping Wesfield, com certeza a praça de alimentação da segunda maior atração da cidade estaria aberta. Rá, otário, fechada. Resignado, e de certo modo com medo pela solidão daquele calçadão, fui para o hotel. Cheguei lá ainda antes das 22h e logo me dirigi ao restaurante. Mas qual não foi minha surpresa ao encontrá-lo também fechado. Será que as pessoas em Derby não jantam???

Depois de dormir de estômago vazio, fui obrigado a tirar o atraso no café da manhã do dia seguinte. Mas digo para vcs que tirar o atraso com café da manhã inglês não é tarefa fácil. Encarei aqueles pratos quentes que eles comem, incluindo o bizarro feijão assado com molho de tomate, o bacon, a linguiça preta e os cogumelos. Só passei o omelete pq aí seria o cúmulo da fome pra mim. Sobrevivi ao massacre estomacal e me dirigi ao check-out do hotel 1 hora antes de pegar outro ônibus. Que otário (de novo). O check-out durou menos de 30 segundos e eu já estava fora do hotel às oito da manhã naquele frio desgraçado. E pior: de novo no calçadão!!! Consternado, fiquei por lá para ver a movimentação da cidade pela manhã até a hora que me enchi e fui ler um jornal na rodoviária da cidade até pegar meus ônibus e voltar ao pacífico Countryside de Bristol.

E chega de calçadão!!!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Bons companheiros

Alguns deles vocês conhecem, outros não. Mas eles estão quase todos os dias na TV, me esperando para fazer companhia enquanto eu tomo café, chego da Universidade, cozinho, janto ou me preparo para dormir.

Com vocês, alguns dos meus programas de TV aqui na Inglaterra:


8.10 - 8.50 am - BBC Breakfast - As principais notícias do dia antes de ir para o trabalho





12.40 am - 1.10 pm - Whose Line is it anyway? - Pra almoçar e rir, não necessariamente nesta ordem





1.10 - 1.30 pm - BBC Points West - As principais notícias do Oeste da Inglaterra





6.30 - 7 pm - Eggheads - Quiz de desafiantes contra 5 gênios do Quiz





8.30 - 10 pm - Friends - Do primeiro ao último episódio, numa trinca diária para finalizar o dia em ótimo estilo. Comparativamente, eles merecem 3 vídeos, não um só







10 pm - indefinido - BBC News - Até o sono chegar, ouvir as notícias do dia é sempre uma boa pedida





Além deles que assisto quase todos os dias, há mais alguns que assisto com menos frequência ou assiduidade. A propósito, é muito mais TV do que eu assistia no Brasil, mas acho que isso ajuda a treinar o ouvido para o inglês.

The Weakest Link - Tradicionalíssimo quiz britânico apresentado há trocentos anos pela mesma rabugenta apresentadora





Big Brother - Me ajudou muito no primeiro mês a acostumar o ouvido ao inglês britânico





Fórmula 1 - Que prazer assistir a uma transmissão de qualidade!!!

domingo, 3 de outubro de 2010

Y ddraig Goch ddyry cychwyn



Bom o título deste post, não acham?

Não, não estou falando grego.

É pior, é galês. O título com 23 letras e 3 vogais quer dizer "O dragão vermelho inspira à ação", o lema do País de Gales.

Mas por que raios estou eu a falar de tão nobre país?

É porque a capital do País de Gales, Cardiff (ou Caerdydd para aqueles que se empolgaram em aprender galês), fica pertinho aqui de Bristol, basicamente atravessando o canal de Bristol se chega a Cardiff.

Bom, mas quando foi que eu decidi ir para o País de Gales? Na verdade eu já fui há mais de um mês atrás. Mais precisamente, naquele fatídico dia que eu não sabia que era feriado e os encanadores viriam consertar meu ralo entupido, portanto eu nao podia ficar nem na Universidade nem em casa (pra quem não se lembra eis o post).

Saindo de casa com meu joelho ferrado pelas andanças demasiadas da ida a Londres, decidi que não queria ir longe. Mas, por outro lado, aquele seria o último feriado antes do Natal (era dia 31/08), portanto pensei eu com meus botões que deveria aproveitá-lo para ir a algum lugar, mesmo sacrificando minha patelinha esquerda.

Assim, decidi ir à estação de trem. Chegando lá, olhei o mapa por uns bons 10 minutos sem ter a menor ideia de qual seria meu destino. Já era quase meio-dia, não poderia ir longe mesmo. Então olhei as cidades próximas e exclamei:

- Vou a Gales!

Quarenta minutos depois, lá estava eu. Sem a menor ideia do que fazer, de onde ir ou do que visitar. Simplesmente fantástico! O completo oposto do que foi Londres 3 dias antes.

Quando você não sabe nada sobre o lugar que está visitando (essa é uma dica do Teng muito valiosa), procure o i. O que é o i? O i é o posto de informação, onde vc pode pedir um mapa, perguntar alguma dúvida sobre o lugar ou algum conselho sobre onde ir. Lá chegando, peguei meu mapinha e localizei os pontos turísticos principais do lugar. Na verdade, todos ficam muito perto do centro, então dava para ir em quase todos.

O principal atrativo turístico de Cardiff é o Castelo de Cardiff. É a única fortificação romana ainda existente na Grã-Bretanha do período em que a ilha aqui era propriedade do Império Romano.



O castelo é todo muralhado (inclusive andar dentro das muralhas infinitas é uma experiência muito divertida). De lá os arqueiros podiam avistar inimigos a grandes distâncias e atirar suas flechas por entre as fendas fininhas da muralha.





Dentro do castelo tem uma torre central muito alta (meu joelho adorou!), de onde pode-se ver a cidade em 360 graus.





Tem também um gramado gigante dentro, muito bem cuidado por sinal, com uma Trebuchet exposta, tem a casa da família dos lordes que lá residiram durante muitos séculos, a Torre do Relógio e mais umas coisinhas. Passei duas horas lá dentro, aproveitando cada momento com um adicional que não é muito comum nas atrações turísticas aqui: tranquilidade, sem um monte de turistas do seu lado se acotovelando para tirar fotos (afinal era uma terça-feira e só a Universidade tinha feriado...).





Enfim, depois do castelo passeei pelo centro da cidade. E notei muita semelhança com Bristol. Deve ser o padrão de cidade média do Reino Unido, sempre organizado com um centro cheio de lojas e calçadões, a parte velha da cidade, a parte nova do outro lado, muitos parques e gramados etc.

Outra atração da cidade é o Millennium Stadium, um estádio gigantesco dos mais modernos do mundo (dá para vê-lo em uma das fotos acima). Mas é para Rugby, o esporte número 1 do País de Gales. Não consegui entrar no estádio porque as visitas terminavam às 15h, então não pude ver por dentro. Mas é certeza que o dia que me der 5 minutos aqui e eu quiser ver uma partida de Rugby ao vivo, é para lá que eu vou.

Visitei também a Prefeitura da cidade e o parque vizinho. Muito bom o clima de fim de tarde na cidade. E eu sem pressa nenhuma, pois sei que voltarei para lá com certeza, pela proximidade de Cardiff com Bristol.









Mais um detalhe final: o idioma é tão ininteligível sendo ouvido quanto o é sendo lido. Não tem absolutamente nenhuma relação com o inglês ou qualquer outra língua que eu conheça. Só 25% da população fala o galês, apesar do idioma ser obrigatório nas escolas. Os jovens não se interessam muito, pois sabem que o inglês é muito mais útil dentro e fora de Gales. Mas acho muito legal o país tentar manter seu idioma próprio mesmo diante de tanta pressão externa. Ajuda a preservar a cultura e tradição das pessoas que fizeram a história do País de Gales.

Ah, para quem quiser se divertir, teste-se para saber se, como eu, caso você dependesse de falar galês para sobreviver, com certeza já estaria morto:

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Notícia balonística

No último domingo começou aqui em Bristol a maior e mais prestigiosa corrida de balões do mundo, a 54a edição da corrida de balões Gordon Bennett. Resumidamente, equipes de vários países competem para ver quem chega mais longe com uma quantidade igual de gás. E eu não vi nenhum dos balões porque eles largaram às 23h e eu não sabia que essa corrida existia.

Bom, anteontem a corrida acabou, com cada balão tendo atingido a maior distância que conseguiu. Observem no mapa abaixo o rastreamento das posições finais dos balões (cliquem na imagem para vê-la em tamanho maior).



Algo estranho?

Dê mais uma olhada atentamente no mapa.

Perceba que a Suíça ganhou, com a Alemanha bem perto e o Reino Unido em terceiro.

Agora olhe com cuidado onde os demais balões pousaram.

Notou algo bizarro?

Veja qual a posição final de um dos balões dos EUA.

Pois é, no meio do Mar Adriático, entre a Itália e a Croácia...

As equipes de busca desses dois países vasculharam o mar durante as últimas 48h e não acharam rastro de um balão por lá. A família dos dois balonistas (um homem e uma mulher) ainda acredita que eles podem estar em alguma área remota ou até na cesta do próprio balão, boiando no mar. Mas hoje as equipes de busca confirmaram que no local e na hora onde o GPS mandou seu último sinal estava chovendo torrencialmente, com muitos relâmpagos e ventos fortíssimos. E disseram que a possibilidade dos balonistas estarem vivos é remotíssima, pois a velocidade de queda foi superior a 8o km/h.

É por isso que os balonistas não-corredores não voam quando o tempo não está bom. Infelizmente, coisas ruins podem acontecer quando o balão vai subindo e vai caindo a garoa...