domingo, 6 de março de 2011

Lisboa em 13 versos

A derradeira parte da viagem de férias, lá em janeiro, ocorreu em Lisboa, Portugal. Essa foi até agora a única vez que saí da Inglaterra desde que cá cheguei. Espero que gostem. Legendas ao final das fotos.


1)
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!



2)
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;



3)
Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores...
À força de diferente, isto é monótono.
Como à força de sentir, fico só a pensar.



4)
Eternos moradores do luzente
Estelífero pólo, e claro assento,
Se do grande valor da forte gente
De Luso não perdeis o pensamento,
Deveis de ter sabido claramente,
Como é dos fados grandes certo intento,
Que por ela se esqueçam os humanos
De Assírios, Persas, Gregos e Romanos.



5)
Sou do Benfica
Isso me envaidece
Tenho a genica
Que a qualquer engrandece
Sou de um clube lutador
Que na luta com fervor
Nunca encontrou rival
Neste nosso Portugal



6)
Rapaziada oiçam bem o que eu lhes digo
E gritem todos comigo
Viva ao Sporting!
Rapaziada quer se possa
Ou se não possa
A vitória será nossa
Viva ao Sporting!



7)
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
e viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!



8)
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.



9)
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.



10)
Sabe que há muitos anos que os antigos
Reis nossos firmemente propuseram
De vencer os trabalhos e perigos,
Que sempre às grandes coisas se opuseram;
E, descobrindo os mares inimigos
Do quieto descanso, pretenderam
De saber que fim tinham, e onde estavam
As derradeiras praias que levavam.



11)
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.



12)
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;



13)
Patriota? Não: só português.
Nasci português como nasci louro e de olhos azuis.
Se nasci para falar, tenho que falar-me.




1) Trecho de "A Portuguesa", hino nacional de Portugal
Vídeo na Torre de Belém

2) Início do Canto I de "Os Lusíadas", de Luís de Camões
Foto do Carlos no Arco de entrada para o centro velho de Lisboa, onde por pelo menos 20 vezes (de verdade) ofereceram haxixe para a gente (outras drogas eram menos comuns, mas teve um cara que veio correndo nos oferecendo guarda-chuva, daí quando chegou perto falou "Haxixe?". Quase que a gente comprou pela criatividade do cara...).

3) Trecho de "Poemas", de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa
Foto do alto do Castelo de São Jorge, mostrando Lisboa (dá para ver claramente como nós fomos colonizados por eles e não pelos ingleses em vários aspectos, um deles é a arquitetura. Aqui não existe esse tipo de telha de barro e as casas são todas fininhas...)

4) Início do discurso de Júpiter no concílio dos deuses, Canto I de "Os Lusíadas"
Foto do alto do Parque Eduardo VII (em homanegem ao rei inglês que visitou a cidade para firmar a aliança entre Portugal e Inglaterra)

5) Início de Ser Benfiquista, hino do Benfica
Foto do Carlos ao lado da estátua de Eusébio, grande jogador português dos anos 60, no Estádio da Luz, lendário estádio do Benfica

6) Trecho do hino do Sporting de Lisboa
Foto dos 3 mosqueteiros no Estádio José Alvalade, com 22314 pessoas, para assitir a Sporting 2x1 Braga, um dos últimos jogos do Liédson lá antes de voltar ao Corinthians. Reparem que os fanáticos aqui até faixa do Sporting tinham...

7) Trecho do poema "Mar Português", de Fernando Pessoa ele-mesmo
Foto do Renato em Belém, com o Mosteiro de Belém ao fundo e uma sombra incrível na frente, devida à estátua da foto 10).

8) Trecho de "Odes" de Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa
Foto da tumba de Fernando Pessoa no Mosteiro de Belém, onde também estão sepultados, entre outros, Alexandre Herculano, Vasco de Gama e Luís de Camões.

9) Trecho do poema "Mar Português", de Fernando Pessoa ele-mesmo
Eu numa das muitas janelinhas da Torre de Belém, com a vista da Ponte 25 de Abril ao fundo

10) Discurso de Vasco da Gama, Canto VIII de "Os Lusíadas"
Monumento aos Descobridores, representando os navegadores portugueses que viajaram para o Além-Tejo, ou seja, para além do Oceano Atlântico.

11) Trecho de "O Guardador de Rebanhos", de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa
Vídeo da gente num teleférico no Parque das Nações, um parque gigante que abrigou a Feira das Nações nos anos 90, e por isso tem esse nome.

12) Início do poema "Amor é fogo que arde sem se ver", de Luís de Camões
O degladiador dos originais, oficiais e únicos pasteizinhos de Belém.

13) Trecho de "Fragmentos", de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa
Dizem que Brasil e Portugal falam a mesma língua. Sério, não notei...

9 comentários:

  1. clap clap clap ó gajo

    Faltou só um fado...pena que a bodega estava fechada, pro deleite do nosso fantasma

    Mesmo assim, posto aqui um trecho do fado portuguêx:

    "O Fado nasceu um dia,
    Quando o vento mal bulia
    E o céu o mar prolongava,
    Na amurada dum veleiro,
    No peito dum marinheiro
    Que, estando triste, cantava,
    Que, estando triste, cantava."

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  2. "Tenho em mim todos os sonhos do mundo" F Pessoa
    E como é bom realizar alguns deles, não é André?

    Bem, parece que o Carlos ficou chateado por não ter ouvido um fado.
    Me comovi com sua dor e posto aqui o citado "Fado Português" de José Régio interpretado por Amália Rodrigues (1920-1999), a voz de Portugal, conhecida, também, como a Rainha do Fado.

    http://www.youtube.com/watch?v=v3ixZP13APw

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  3. Realmente, este post aqui é para poucos. Só perde para aquele da discussão em galês...

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  4. Esse blog agora aparece no GOOGLE como site destinado à Literatura e História.
    PS: Faltou nossa foto "devorando" pastéis de Belém (também chamados de docinhos para a irritação de alguns).

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  5. A casa de fado estava fechada..para tristeza de muitos e felicidade de um!
    PS: A exatos dois meses estávamos em Belém.

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  6. Como assim? Tem a foto do Carlos com o pastel de Belém, a pura essência do poema anterior à foto: o amor, no caso entre o homem e seu alimento.

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