domingo, 3 de abril de 2011

Fratelli d'Italia


Sol, calor, música, gente feliz, gente gritando e gesticulando, pizza, massa, vinho. Quando falamos de Itália essa são algumas das coisas que logo nos vêm à cabeça.

Quando meu avião aterrisou em Milão estava chovendo, 5 graus, trânsito caótico, e eu só fui comer alguma coisa muitas horas depois. Ah, pelo menos, tinha italiano gritando e gesticulando...

Eles estavam comemorando 150 anos de país. Pois é, por mais estranho que possa parecer, a República da Itália completou apenas 150 anos de existência no dia 17 de março de 2011. Festa nas ruas do país, mais no Sul do que no Norte (onde fica Milão, região da Lombardia).

Bem, fui para lá porque fui para um congresso chamado Ednano, que reúne cerca de 60-70 pessoas (grande maioria da Europa) que trabalham com eletrodeposição de materiais em escala nanométrica (um bilhonésimo de metro). E isso é o que eu faço como meu ganha-pão... bem, na verdade nem isso eu faço, eu simulo isso, mas isso é detalhe demais... Enfim, foram três dias de congresso e uma excursão. Diferentemente de outros congressos que eu já fui, este é muito pequeno, todo mundo fica na mesma sala ouvindo apresentações de 20 minutos uns dos outros. Tem hora que não dá para aguentar o sono hehehehehe Mas, como um todo, congressos são sempre muito legais para vc ter alguma ideia, saber o que está sendo feito por aí e, principalmente, conhecer e se fazer conhecer pelas pessoas no seu meio. Foi o que eu fiz, por dois motivos principais: eu era um dos pouquíssimos não-europeus (o único da exótica terra além-atlântica do Brasil) e o único a trabalhar com teoria e simulação (isso é exótico até para quem é do meio hehehehehe). Por isso mesmo, na minha apresentação tive que começar do básico, introduzindo o modelo teórico, como ele funciona em coisas bobas, até chegar no meu modelo e nos meus resultados. Meu orientador aqui acha que 50% não entendeu nada (teve umas perguntas lá que meu Deus!), 40% entendeu o básico e 10% gostou muito e se empolgou, vários vieram falar comigo e tal. Acredito que fui bem, meu inglês está bem melhor e estou bem mais confiante do que estava na minha primeira vez apresentando trabalho oral, em Viena, em 2009, no maior congresso da área em que trabalho. As perguntas desta vez foram mescladas entre as estúpidas, as normais e as provocativas, do tipo de que quando um modelo vai poder simular coisas que a gente não pode fazer, coisas que podem ser realmente úteis e não resultados já esperados. Eu respondi que achava ótimo que o modelo simulava bem coisas que já são sabidas, isso significa que quando simular coisas que não foram feitas pode-se confiar nos resultados. O meu orientador aqui disse que eu deveria ter replicado que fazer isso e tentar entender a eletrodeposição é muito mais útil do que fazer as coisas que o cara tava fazendo uhahuahuahuahua

Eu apresentando meu trabalho


O grupo de Bristol na Ednano, faltando só a Noi (da esq. para a dir., Natasa (a outra professora do grupo), eu, Sarah (pós-doc do meu orientador), Walther Schwarzacher (meu orientador) e Ben (aluno da Natasa))


Chega de Congresso, quero saber de passeio. Ok, Ok. Primeiro, os companheiros de viagem. Fui com dois colegas daqui de Bristol: Ben, um inglês de Bristol que viveu 18 anos no País de Gales (portanto todos o consideram galês), um garoto de 22 anos no seu primeiro ano de doutorado no seu primeiro congresso e que teve o azar de dividir mesa comigo lá na Universidade; Noi, uma menina da Tailândia quietinha, mas que se divertiu como nunca na vida dela com a nossa companhia e piadas incessantes. Conhecemos lá também Wouter, um holandês parecido com o Marcos do meu laboratório no Brasil, mas bem-humorado (aliás com um humor muito parecido com o meu), e um casal de indianos, Anthony e Meegan, ele mais velho, muito gente boa, mas super indeciso, ela super tímida, se falou mais de 100 palavras nos 10 dias de convivência conosco é muito. Conhecemos também muitas outras pessoas por lá, mas nós 6 dividimos hotel e, depois do Congresso, fizemos uma viagem de carro. Vale mencionar o grupo de Porto, uns 6-7 portugueses que ficavam o tempo todo juntos e não se integravam muito com o resto, mas como eles falavam português consegui me infiltrar e fazer amizade, principalmente com um cara chamado Diogo, portista fanático e que odiava brasileiros hehehehe

Meegan, Anthony, Wouter, Noi e Ben num parque em Milão


Milão é uma cidade grande, igual a São Paulo em muitos aspectos. Os italianos são MUITO mais parecidos com a gente que os ingleses, as pessoas são MUITO mais bonitas, a comida é MUITO melhor (teve até jantar de gala!), a língua é mais parecida (não é difícil arranhar um italiano!) etc. Por outro lado, tem trânsito, caos, cidade grande com prédios e prédios, fio pra tudo que é lado, muita gente pobre na rua, cheio de vendedor e mendigo perto dos pontos turísticos etc. A Inglaterra é muito mais civilizada, comparando cidade grande (Londres) com cidade grande (Milão). De bonito na cidade tem o Duomo, uma catedral gótica imponente, bem no centro da cidade. Fantástico. Dá para subir lá no teto e, macho que é macho vai de escada e encara centenas de degraus. Além dele tem umas ruazinhas no centro velho lá perto, um Castelo mediano, os bondes e, claro, os shoppings e as lojas de marca. Como eu odeio compras, nada me atraiu tanto assim, mas a tailandesa adorou. Entramos na loja da Ferrari e na Prada original, só para fingir estar interessados num pedaço de couro que eles chamam de bolsa por 6000 reais... Fomos também para o estádio Giuseppe Meazza, conhecido também como San Siro (nome que a torcida do Milan usa, enquanto Meazza é o nome usado pela torcida da Inter), para assistir Inter de Milão 1x0 Lecce. Um caos homérico para comprar ingresso (meio centímetro quadrado de espaço), mas torcida (57.086 pessoas) gritando e cantando, como tem que ser, afinal o time é o atual campeão do mundo e conta com muitos brasileiros como Júlio César, Maicon e Lúcio. Foi uma baita experiência para mim e para o Diogo, porém ainda mais para Ben e Noi, primeiro jogo da vida deles. De coisas que eu não vi, tem a Santa Ceia de da Vinci, mas tem que reservar com mais de 3 meses de antecedência para vê-la. Mas, enfim, gostei, mas não achei nada demais em Milão, é uma São Paulo com Duomo e castelo, mas como não é a cidade em que eu nasci e vivo, não fico com tanta vontade de voltar tão cedo.

Il Dumo





Eu no San Siro

O gol da Inter, marcado por Pazzini, e a comemoração do português Diogo e de Ben e Noi


Galleria Vittorio Emanuele II, um dos shoppings mais caros do mundo


O Castelo de Milão


Na excursão do Congresso, com quase todo mundo de lá (legal ver os professores mais soltinhos), fomos para o norte de Milão, mais precisamente para Bellagio, uma cidadezinha no Lago Como. Puxa vida, aí sim é a Itália das enciclopédias e das novelas da Globo! Nona estendendo roupa com rolo de macarrão na mão (pena que eu tava sem máquina!), ruazinhas estreitinhas, gente mais calma, sol e calor, comida também fantástica (dá-lhe sorvete!) e um lago maravilhoso, rodeado pelos Alpes. Lá Madonna, Ronaldinho e George Clooney têm casa, por exemplo. Não é à toa, que lugar lindo. E eu, querendo imitar meu orientador, quis por a mão na água, mas escorreguei num degrau, caí sentado e meti os meus dois pés dentro da água (ainda bem que não caí inteiro!). Foi muito divertido. Óbvio que fui alvo de risadas, merecidíssimas, mas não durou muito, pois quando voltamos para Milão fui direto para o hotel trocar de meia e eles ficaram todos passeando no Duomo. Mas caiu uma tempestade monumental, raios e trovões como há tempos eu não via (aqui na Inglaterra não tem). Eles voltaram todos inteiramente ensopados, dos pés à cabeça. E eu já com meus pezinhos secos só pude rir...

Os Alpes no fundo. Chique pra caramba hehehehe


Eu e meu orientador daqui. Só pelo sorriso dá para ver quem é o inglês...


Ruazinhas de Bellagio

Por fim, na última parada na Itália, cruzamos de carro (só nós 6) o norte do país em direção a Veneza (aliás, vc sabia que Venezuela quer dizer Pequena Veneza? Não vi nenhuma referência a Hugo Chavez lá, porém...). Passamos apenas 3 horas por lá. E, para mim, mais que suficientes. É legal, cheia de canais, romântica porque não tem carros e tal, mas é tão apinhada de turistas (e por ser pequena a sensação é horrível) e levemente fedida que não me cativou também. Foi muito divertido estar com uma turma e passear por lá, é muito legal ver os prédios e como a cidade se organiza, mas depois de um tempo é só canais e mais canais, pontes e mais pontes. Claro que não entramos em igrejas ou catedrais, mas de fora me pareceu que não haveria mais tanta coisa (pro MEU gosto) para ver e fazer por lá, a não ser as tradicionais compras que eu tanto gosto...

Torre da Praça de San Marco (centro de Veneza)


As gôndolas...


Eu na Ponte dos Suspiros (a original, copiada em Cambridge e em outras cidades do mundo)


A balsa, tipo o ônibus da cidade, vai parando em vários pontos


Daí seguimos viagem de carro, mas essa é conversa para outro post...

6 comentários:

  1. Ainda bem que a queda não foi pior que a de Paraty, com pés molhados e mãos raladas, só pq eu não estava lá pra rir! haahaha E esse congresso me lembrou aquele do Big Bang Theory, com 20 físicos mal vestidos e brigando!

    Quando nos encontrarmos, quero minha bolsa Prada que eu sei que vc comprou pra mim. Credo! Aliás, aproveito e faço um protesto para ninguém pagar 6 mil euros numa carcaça de um animal morto, por favor. Adotando um de graça, se tem felicidade para uma vida inteira, muitos anos de amor incondicional. Enquanto que uma bolsa de animal morto dura um ano - só até a nova moda entrar.

    ( > ; < )

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  2. O senhor adora se enfiar num estádio de futebol, hein? haha
    Itália... Muito bom..
    Caramba, que lugar lindo aquele com um rio e alpes ao fundo. Quero morar ali nas férias.
    Espero altas peripécias de um grupo contendo Noia, Ben10 e Dolly.

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  3. PS: Achei estranho você não mencionar no texto, mas espero que você não tenha esquecido o meu sapato Prada de couro worth R$800,00.

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  4. Tá ficando muito convencido... não gostar de Veneza pelo cheiro peculiar!
    Aliás, acho que foi seu próprio orientador (no Brasil) que me disse para evitar Veneza em épocas quentes.
    E como diria um amigo meu... Vc passeou de Gônadas?

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  5. O Renan ignorou sumariamente o protesto da minha irmã hehehehe mas vc tem que procurar MUITO para achar algo que custe menos de mil reais lá (ainda mais um sapato)...

    Não andei de gônadas, primeiro pq não tinha tempo e depois pq meu dinheirinho poderia ser muito mais bem investido em outras 'peripécias'. O cheiro nem é (estava) tão ruim, o problema mesmo era que a cidade não me cativou mesmo...

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  6. O André está colecionando fotos em estádios de futebol pela Europa. Já já...o número irá ultrapassar a contagem de balões..hehe. Vida ruim a sua e a da Aline...kkk...poucas viagens ne!!

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