domingo, 10 de abril de 2011

Zdravljica, Slovenija!



Pois é, lá vem mais uma dessas línguas esquisitas... O título deste post significa 'Um Brinde, Eslovênia' (o nome do Hino Nacional), o quinto país que conheci na Europa. E posso adiantar que simplesmente adorei, fiquei apaixonado pelo país.

A Eslovênia é um país muito jovem (1991 - vejam, sou mais velho que a Eslovênia), antes parte da antiga Iugoslávia e antes ainda do Império Austro-Húngaro, mas de cultura e língua bem próprias.

Parece meio aleatório ir para a Eslovênia, né? Na verdade foi mesmo!!! O congresso foi em Milão, daí decidimos tirar o resto da semana (de quarta até sexta) para passear num outro país. Todos os meus coleguinhas de viagem já tinham ido a Roma (todos eles tinham boca... =P), à Suíça e à França e eu já tinha ido à Áustria. Olhando no mapa da Itália, o que sobrou? Ah, aquele país pequenininho ali da direita (leste), Eslovênia. Que tal irmos para lá? Topo, topo, topo, puquê não, vamo caí pá dentro! E daí decidimos alugar um carro e rodar o norte da Itália (desde Milão, passando por Veneza) até chegar na Eslovênia. Aliás, que estrada, muito boa, dá até gosto de andar de carro. Fora as cidadezinhas no caminho...

Enfim, no primeiro dia de Eslovênia, chegamos de noite depois da viagem e fomos direto dormir. No segundo, fomos até Ljubljana, a capital do país, encontrar um amigo de Wouter, Martin, esloveno nascido e crescido na cidade. Ele nos mostrou a Universidade e, logo depois, nos levou para um café e nos disse o que tínhamos que fazer no país durante os dois dias. Algumas coisas me chamaram a atenção: a extrema simpatia e hospitalidade de Martin e seus amigos eslovenos, claramente não acostumados a receber visitantes (como o país também não é, o que fez com que nos sentíssemos especiais), suas dicas sensacionais de coisas a ver e lugares a ir, apesar da sua língua mãe ser absloutamente incompreensível (por vezes sem vogais, como 'trg', praça em esloveno - não é abreviação!) e, no fim, o fato de ele ainda nos pagar uma limonada (detalhe que limonada em esloveno escreve-se e lê-se como em português!).

Da capital fomos até Postojna, uma cidade no Oeste da Eslovênia. Fomos a um 'hipermercado' (nos quais éramos os únicos clientes - também, num país com 2 milhões de pessoas e numa cidade com menos de 15 mil...) e compramos frutas para fazer um piquenique perto de um riacho. Depois, fomos para as Cavernas de Postojna, mais de 20 km de cavernas a 700 m abaixo do nível da terra, uma das maiores cavernas da Europa. Eu não gosto de exagerar, portanto vocês podem confiar quando eu digo que é com certeza um dos três lugares mais bonitos que já visitei na vida. Não dá para descrever em palavras ou fotos, mas andar de trenzinho e depois a pé por tanta formação rochosa diferente é sensacional. Fora a escuridão (poucas luzes muito bem colocadas), a umidade e o frio (8 graus), que dão um tom todo diferente para o passeio. E não é nada clausfrofóbico não, as grutas têm mais de 100 metros de altura! É tanta estalactite e estalagmite pra deixar qualquer espeleólogo louco. Lá é o único lugar no mundo em que um animal chamado Human Fish (Peixe Humano) vive em ambiente natural, um peixe pequeno cor de pele e completamente cego, que vive na escuridão das cavernas comendo algas e seres microscópicos da água. Ficamos lá uma hora e meia, mas todo mundo gostou tanto que ninguém queria sair. Bem, a não ser o indiano Anthony, que disse ter medo de cavernas e não nos acompanhou lá dentro, só para ser zuado o resto da viagem...








Em seguida, fomos para Predjama, uma cidadezinha pertinho de Postojna, para visitar um castelo construído nas pedras no século XIII (o chão e a entrada são na própria pedra). Há uma passagem secreta (que deve ser gigante...) para as cavernas de Postojna. Mais um lugar muito bonito.





Essa é para minha irmã: Eu e um cão esloveno!


Por fim, voltamos para Ljubljana, onde Martin nos levou para um passeio no centro da cidade e, depois, para o castelo (que subida...), onde pode-se ter uma vista linda da cidade. Ljubljana é a capital, mas é a capital menos populosa da Europa (perto de 300 mil pessoas), o que dá um tom de cidade pequena, mas com muita coisa para ver e fazer, prédios com arquitetura de influência austríaca, pontes e igrejas italianas, língua e comida eslavas, mas sem turista nenhum, nem mendigo nem vendedor chato te enchendo o saco perto dos pontos turísticos. Enfim, tudo é acanhado, tudo é delicado, tudo é limpo, tudo é lindo. Depois do castelo, descemos para o centro de novo e fomos a um restaurante típico esloveno. Carnes de caças são as preferidas lá, desde javali até cavalo, coisas como "Zavitek", "Zganci" ou "Zlikrofi". Eu preferi evitar os pratos começando com a letra Z e fui num prato bem típico, daqueles que se comem todos os dias em típicas casas eslovenas, fiquei entre o kranjska klobasa, um salsichão feito com intestino de porco, e o krvavica klobasa, uma variação com salsichão preto e banhado em sangue. Preferi radicalizar e fui na segunda opção. Tudo isso com direito a uma cerveja típica eslovena, Sokol, completamente diferente de todas que já experimentei antes (não sou um especialista, porém...). E nós devolvemos o favor e pagamos o jantar de Martin.










Martin, o esloveno, ao lado de Wouter, Ben, Noi e metade de Meegan



A vista do Castelo de Ljubljana




No terceiro dia, nos restringimos à nossa cidade-base, Bled, no norte do país. Mas que cidade adorável! Basicamente é uma Bellagio na Eslovênia, isto é, uma cidade com um lago rodeada pelos Alpes, mas a diferença é que aqui tem menos gente que na Itália, o que torna a experiência mais 'única'. Rodamos o lago quase duas vezes (6 km), mas você nem sente, pois é tão lindo e toda hora parávamos para tirar uma foto ou rir um pouco. A cidade também tem um Castelo na pedra, lá em cima no penhasco. Tem os alpes em volta e, também, uma montanha com neve, a qual os quatro bravos e intrépidos homens do grupo resolveram escalar, todos pimpões quando chegaram lá em cima, enquanto Noi e Meegan preferiram o conforto do nível da terra. A subida é tensa, escorrega muito, mas a descida é muito legal, ir deslizando (e escorregando, óbvio) na neve é muito bom.


Dizem que com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo... acho que este aqui exige um pouco mais!



Não é um Everest, mas dá para sentir o drama...



Os intrépidos alpinistas chegam ao topo!



E as meninas esperando os homens terminarem sua brincadeira fazem poses com a bandeira da Eslovênia...



Depois de completarmos o perímetro, almoçamos um sanduíche ruim e tomamos a sobremesa típica de Bled, kremsnita, um delicioso bolo com creme. Hmmmm... Daí, no final da tarde, passamos por um lugar onde dava para alugar barcos a remo. Eu estava louquinho para remar desde a hora que cheguei lá, daí convenci os outros cinco a virem comigo. E, como éramos os únicos turistas, a mulher disse assim: olha, fiquem o tempo que quiserem, paguem só uma hora mesmo, deixem os coletes dentro do barco a hora que cansarem porque eu vou para casa daqui a pouco. Sensacional! Daí remei naquele lago fantástico (até pegar o jeito com o remo da esquerda demora...) e levei todos de carona até a ilha central. Visitamos a igreja, tocamos o sino lá dentro, o sino dos desejos, e voltamos remando para a orla. Como Ben e Anthony nunca haviam remado na vida, sugeri que eles tentassem, enquanto eu ficava de navegador atrás dando as instruções dos movimentos e da direção. E eles mandaram muito bem, óbvio que cansaram o braço, mas ficaram muito felizes, principalmente o indiano, que ficou todo orgulhoso do feito dele de ter remado de volta durante o pôr-do-Sol deslumbrante de Bled.


Que bela vista da igreja no meio do lago de Bled


Tocando o sino dos desejos dentro da Igreja


O barquinho que nos levou e nos trouxe de lá


O pôr-do-Sol em Bled



No dia seguinte, voltamos de carro para Milão, de onde nós partimos de volta para as terras úmidas e nubladas da Holanda ou para as terras úmidas e nubladas de Bristol. Isto, claro, sem antes passar por cima dos Alpes...



Mas deixamos para trás lembranças fantásticas de um país pequeno, mas fascinante. Recomendo fortemente para todos aqueles que tenham a oportunidade de vir para a Europa: incluam a Eslovênia no seu roteiro. Pode cobrar de mim, vocês não vão se arrepender. Vale muito à pena.


Zdravljica, Slovenija!

5 comentários:

  1. Devido a um trauma recém adquirido, sabe quando eu ia subir numa encosta escorregadia daquela? Nunca. Vai que eu escorrego e me machuco na Eslovênia? Muita irresponsabilidade sua.
    Ah, eu quero remar no lago de Bled também! Gostei do barquinho, ahaha.
    Finalmente uma foto dos alpes, da janela do avião. A imagem dos seus sonhos!

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  2. Poxa André, muito legal o passeio mesmo!
    Só queria te avisar de uma coisa... acho que apesar da limonada ser escritoa como em português, ela deve ser feita de algo bizarro, como testículos de cachorro... a de limão é lmnandasdtijrgg mesmo.

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  3. O Renan vai ser aqueles pais e avôs chatos que não deixam as crianças fazerem nada porque pode ser perigoso uhauhahuahuauhauha

    E Thiago, bem que o pessoal notou a limonada um pouco mais espessa que o normal... =P

    Só um aviso: estou saindo agora para buscar meus pais e minha irmã no aeroporto de Heathrow. Eles vêm me visitar!!! Vou ficar meio ausente daqui por esses dias, talvez dê para dar uma passada ou outra, mas não posso prometer nada. Tenho é que aproveitar a presença deles aqui...

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  4. Aproveite mesmo. Muito fish and chips pra vocês!!

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  5. Poxa André... estou ansioso para saber se você voltará a postar a tempo de cobrir o casamento real!
    Ou será que você é um dos muitos a se acotovelar nas cercanias da abadia?

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