quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Do choro aos Gideões - A viagem



Narro aqui como foi a minha viagem até Bristol. Infelizmente meu avião não voou tão baixo para assustar os banhistas desavisados, mas mesmo assim tenho umas histórias legais para contar.

Primeiro, o aeroporto. O voo saía às 19h de Cumbica, portanto cheguei lá bem cedo, ainda mais porque era sexta-feira. Me acompanharam meu pai, mãe, irmã e dois dos meus avós. Na despedida foi aquela coisa que todo mundo sabe que acontece quando alguém vai ficar fora durante muito tempo. Eu sabia que minha mãe e minha avó iriam chorar, por isso eu estava preparado. Mas o choro da minha irmã foi o que me pegou de surpresa e me fez chorar também. E como eu choro pouco, isso significa muita coisa. Se para os parentes é difícil ficar longe de um familiar querido, imagina só como não é com a gente que viaja, que fica longe de todo mundo ao mesmo tempo.

Depois de entrar no saguão e no avião, me recompus. Afinal, homens não choram, muito menos homens de barba! huauhauhauha Enfim, durante as 12 horas de voo até Amsterdã, não dormi nada. Isso tem o lado bom que vc acaba absorvendo mais facilmente a mudança de fuso-horário, mas em compensação te deixa pregado. Mas para entreter-me durante o voo, a KLM (empresa de aviação holandesa) tem uma TV individual em que vc pode assistir filmes, séries e até jogar uns joguinhos (babacas, é verdade!). Eu assisti 2012 e Avatar (trezentas horas cada um). Bom, para desespero do meu coleguinha Renato (cujo link do blog está aí ao lado), achei 2012 horroroso, clichezasso agoniante. Já Avatar eu gostei, achei muito bom (mesmo não vendo em 3-D, mas as animações são muito boas, e até a história é boa).

Chegando em Amsterdã, fui direto comprar meus preciosos queijos holandeses, que agora estão aqui seguros comigo para que eu os delicie quando quiser. Quando estava lá, foi anunciado naquele aeroporto gigantesco (que dá de 1000 a 0 em Cumbica) que meu voo para Bristol foi atrasado em 3 horas. E eu não tinha nada para ler e já tinha passado para o portão de embarque. Daí fiquei relendo minha papelada do CNPq quando eu escuto um velhinho tentando se comunicar com o funcionário da KLM. Eles não se entendem, daí o funcionário pergunta se o velhinho fala inglês. Óbvio, não. Holandês? Menos. Daí o velhinho disse Brasil, e o funcionário feliz e contente começou a falar espanhol... Bom, depois que eles terminaram, eu vi que o velhinho não tinha entendido nada, então fui lá ajudá-lo e explicar que o voo tinha sido atrasado e tal. Resultado, acabei passando as 3 horas batendo papo com o velhinho e a esposa dele (em cadeira de rodas). Eles são de Bauru (grande Skinão!) e estavam indo visitar o filho que mora em Bristol. Falamos sobre muita coisa e eles me deram os cartões deles. Estava escrito: Gideões Internacionais e o nome deles. Gideões... o que são gideões?

Gideões são os missionários de uma igreja evangélica em "busca de almas". Pelo menos era o que estava escrito no papel... Socorro!!! Mas eles não me encheram com nada disso nem tentaram me converter. Ao contrário, foram super simpáticos comigo. Nos despedimos, mas nos encontraríamos mais para a frente no aeroporto em Bristol. Eu saí do avião antes e me despedi deles. Passei pela fila de imigração e fui à atendente. Como os britânicos já foram rigorosos comigo antes e estão bem mais fechados para receber imigrantes não europeus, fui munido com todos os documentos que eu podia. A mulher me fez várias perguntas e tal, mas em 10 minutos eu estava liberado, podia entrar na Inglaterra. Mas não entrei. E por que não? Porque fui ajudar os Gideões Internacionais!

Eles não falam um pingo de inglês, portanto a comunicação seria impossível até chegar um tradutor. Mas quem precisa de um tradutor quando o outro único não europeu no avião além deles também era brasileiro? Então, me senti o Celso Amorim, traduzindo tudo que a funcionária da imigração dizia para o velhinho e vice-versa. E não é que a conversa demorou. Demorou 10, 15, 20 minutos. E eu lá falando sobre gente que eu nunca tinha visto antes. Ela estava muito desconfiada do tal filho deles, que poderia ser um imigrante ilegal. Chegou um momento em que ela decidiu que iria falar com o filho para comprovar a história. Ele deveria estar lá fora do aeroporto esperando os pais dele. Mas os pais não podiam sair do aeroporto. Portanto, quem foi atrás dele? Eu, é claro. E dane-se minhas malas que ficaram rodando naquela esteira durante muito tempo. Eu tinha que ir atrás de um cara que nunca tinha visto na vida num aeroporto em outro país. Daí falei com cada um dos homens lá fora perguntando se ele era o tal Zé Rubens. Nada feito, só ingleses emburrados por estarem sendo importunados. Daí eu volto e digo que não tem filho nenhum lá fora. Então a funcionária decide ligar na casa dele. E some durante 20 minutos. E eu querendo retornar para a Inglaterra e dormir depois de 30 horas acordado! Quando ela finalmente volta, diz que eles estão liberados e que o filho tinha voltado para casa pq o voo tinha atrasado muito. Ela me agradece muito e eu finalmente entro na Inglaterra de vez, com minhas malas e empurrando uma senhora em cadeira de rodas.

No fim das contas, ganhei uma carona com o filho deles para meu hotel onde passaria o fim de semana, sem antes passar uma meia hora na casa dele em Bristol tomando café com os Gideões Internacionais.

Depois cheguei no hotel. E dormi.

8 comentários:

  1. Que da hora! Velhinhos de Bauru! Fiquei com fome!!! huahauhaha

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  2. Chorei mesmo, e daí? hahahah
    E fiquei com medo desses gideões!

    Do choro ao medo:
    ( p ; q ) >>>>>> /( O ; O )\

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  3. e, vou ser chata como um certo professor bochechudo, e dizer que durmir é com o!

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  4. Num lugar onde convicções religiosas são muitas vezes perigosas, só mesmo uns brasileiros para quebrarem essas barreiras e se entenderem.
    ...ahhh. Manda uns queijos desses pra mim!

    ;o]

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  5. Noooossssa, será que estou desaprendendo o português???? Fiquei com medo agora...

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  6. Pois é, engraçado o casal dizer que é do Brasil e a atendente falar espanhol... Mesma coisa um japones chegar aí, falar que é do Japão e a atendente fala em chinês! De qualquer forma, tava chovendo na Holanda? Hehehehehe

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  7. Num si importe-se que seu purtugueis ta perfeitu!
    Mas falando serio, daqui a pouco voce comecara a erras as coisa!
    Legal voce ter ajudado os velhinhos.
    A gente costuma falar que brasileiro e praga e tem em qualquer lugar... e bom encontrar alguem com quem praticar seu espanhol.

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  8. Que bom que fez boa viagem! rsrsr André, homem de barba também chora porque também tem coração. rsrsr E isso pode ser constatado no seu lado Gideão, pois seguiu a missão do seu coração para ajudar os velhinhos. E que bom que deu certo!!! Um abraço para meu amigo Gideão André. rsrsr

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