Este é um blog que relata os acontecimentos e as opiniões de um estudante de Doutorado Sanduíche durante sua estadia em Bristol, Inglaterra.
Espero poder ajudar quem pretende passar parte de sua pós-graduação no exterior e também quem pensa em estudar ou mesmo conhecer a Inglaterra. E, é claro, manter meus amigos e familiares atualizados das minhas experiências por aqui.
sábado, 25 de dezembro de 2010
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
Feliz Natal a todos!
Merry Xmas Everybody, canção de 1973 da banda Slade, disparada a mais tradicional canção de Natal no Reino Unido.
Letra:
Are you hanging up a stocking on your wall? - Você está pendurando uma meia em sua parede?
It's the time that every Santa has a ball - É a época em que todo Papai Natal tem uma bola
Does he ride a red-nose reindeer? - Será que ele monta uma rena de nariz vermelho?
Does he turns up on his sleigh? - Será que ele aparece em seu trenó?
Do the fairies keep him sober for a day? - Será que as fadas o manterão sóbrio por um dia?
So here it is Merry Christmas, everybody's having fun - Então aqui está: Feliz Natal, todo mundo está se divertindo
Look to the future now, it's only just begun - Olhe para o futuro agora, ele apenas começou
Are you waiting for the family to arrive? - Você está esperando a sua família chegar?
Are you sure you've got the room to spare inside? - Tem certeza de que tem espaço sobrando dentro de casa?
Does your granny always tell ya - Sua avó sempre lhe diz
That the old songs are the best? - Que as canções antigas são as melhores?
And she's up and rock 'n' rolling with the rest? - E que ela está de pé e rock 'n' rolling com o resto?
So here it is Merry Christmas, everybody's having fun - Então aqui está: Feliz Natal, todo mundo está se divertindo
Look to the future now, it's only just begun - Olhe para o futuro agora, ele apenas começou
What will your daddy do when he sees your mommy kissing Santa Claus? - O que seu pai vai fazer quando vir sua mamãe beijando o Papai Noel?
Aaah ah aaah aahh
Are you hanging up a stocking on your wall? - Você está pendurando uma meia em sua parede?
Are you hoping that the snow will start to fall? - Você está esperando que a neve comece a cair?
Do you ride around the hillside? - Você cavalga em torno da encosta?
In a party you have made - Em uma festa que você fez
When you land upon your head and you've been 'sleighed' - Quando você aterrissar sobre sua cabeça e for 'trenózado'
So here it is Merry Christmas, everybody's having fun - Então aqui está: Feliz Natal, todo mundo está se divertindo
Look to the future now, it's only just begun - Olhe para o futuro agora, ele apenas começou
So here it is Merry Christmas, everybody's having fun - Então aqui está: Feliz Natal, todo mundo está se divertindo
Look to the future now, it's only just begun - Olhe para o futuro agora, ele apenas começou
domingo, 19 de dezembro de 2010
A Adaptação Cultural
Todo mundo sabe que morar no exterior não é fácil. Ainda mais quando se está sozinho. Temos o famoso choque cultural, opondo de um lado a nossa cultura, e do outro lado a cultura do país ao qual estamos chegando.
A experiência de um sanduicheiro no exterior é ideal para descrever todas as fases de adaptação cultural que uma pessoa morando no exterior tem que passar. Estudos científicos, baseados nos milhões de exemplos que existem ao redor do mundo, chegaram à uma interessante curva que mostra o ciclo de adaptação cultural de uma pessoa morando no exterior.
Essa daí traduzi da Universidade de Stanford, mas existem outras versões.
Basicamente, no noso caso, nosso humor passa por altos e baixos nesse tempo fora do Brasil. Na verdade, pela minha experiência, você pode até voltar pra trás nessa curva de adaptação.
Vamos por partes:
- Inscrição: pânico pra escrever o projeto, pra juntar todos os documentos (e são muitos), pra entender os sistemas estrambólicos da CAPES ou do CNPq e, depois, da eterna espera para saber o resultado. E como demora... Depois, se vc foi aprovado, vc fica feliz, mas só por um tempinho curto, pois são tantas coisas para arranjar, como passagem, moradia, visto, dinheiro etc. etc. etc.
- Chegada: pra quem nunca morou fora do Brasil, é realmente uma fascinação chegar num lugar diferente, onde as coisas parecem funcionar melhor, os lugares são limpos, a Universidade é mais bem equipada etc. Em resumo, tudo parece ser uma maravilha. Isso para mim durou umas semanas.
- Choque Cultural: esse daqui é um poço de humor frequente. Vira e mexe eu me encontro nele. Reparem na curva que o mínimo pode ser maior ou menor. A tendência é que com o tempo ele se torne menor. O choque cultural aqui é um período de stress pessoal em que temos que resolver muitos problemas no novo país, relacionados à casa, comida, transporte e trabalho, mas ainda não sabemos como as coisas funcionam direito. Às vezes eu me sentia um idiota por não saber como proceder em coisas simples, como ir ao mercado ou pegar um ônibus. A língua aqui é um enorme entrave, pois vc não se acostumou ainda com todo mundo falando outra língua, e vc ainda não está nem perto da fluência em outro idioma. E, óbvio, tudo funciona diferente do que vc está acostumado, caracterizando o choque de culturas.
- Adaptação: A rotina é a chave do sucesso. Acordar na mesma hora, fazer o mesmo caminho, ir ao mesmo mercado, encontrar padrões, sacar como as pessoas se comportam, ver quem bate mais com vc e quem vc não deve mexer (entenda o hoolingan!) etc. Isso te dá uma sensação ótima de segurança, que ajuda a suplantar o choque cultural. Minha rotina se estabeleceu depois de um mês e pouco de estadia aqui. E ainda está firme e forte. O idioma começa a ser menos problema do que era no começo. A dica aqui é tentar pensar na língua estrangeira e não ligar para os erros, pois vc continuará a cometê-los, mas serão menos frequentes.
- Isolamento mental: Acho que eu estou por aqui agora. O Thiago estava certo, época de feriado é horrível estar sozinho no exterior, ainda mais no Natal. Todo mundo volta pra casa, pois ou mora no mesmo país ou mora em país perto, no caso da Europa. Ainda não senti o tranco pra valer, pois na semana passada tudo ainda estava normal. Mas a partir de segunda apenas poucas pessoas estarão por lá, e a tendência é esse número diminuir mais no decorrer da semana até o Natal. Boatos são conta que a cidade fica deserta na véspera de Natal. Eu estarei aqui para comprovar. Esta situação é a definição clara de isolamento, mas isolamento físico além de isolamento mental, pois você está longe da sua família e amigos próximos. O isolamento mental acontece mais frequentemente, no dia-a-dia, uma frustração constante que você sente quando não consegue se expressar tão bem na língua estrangeira quanto conseguiria na sua língua nativa. É realmente frustrante.
- Aceitação e Integração: Já passei por essa fase também, e digo que é a melhor coisa que você pode sentir quando está fora da sua zona de conforto. Quando você é aceito e pode ser quem você realmente é, você está no ápice da curva de adaptação cultural. Os erros no idioma não são mais um entrave para comunicação, você já pode brincar com as pessoas pois já as conhece há suficientes meses, já conhece como as coisas funcionam e se sente seguro na sua vida como um todo. Essa fase é a que demora mais para chegar. Para mim foi perto de 3 meses, mas pode acontecer antes ou bem depois. Provavelmente a chegada de pessoas conhecidas possa ser um máximo maior do que este, mas aí é como estar roubando num jogo de cartas usando um coringa proibido, ou seja, não conta hehehehe
- A Volta: quando vc volta, o ciclo se repete no lado oposto. Você fica nervoso com a expectativa de voltar e ansioso para rever as pessoas que conhece. Mas o famoso "lá era melhor" pode ser uma sensação complicada que te deixa depressivo na volta. Não sei, pois ainda falta muito para eu chegar nessa fase. Mas, imagino eu, a readaptação cultural é muito mais rápida do que adaptar-se a uma cultura estrangeira.
Quem é sanduicheiro pode se achar no meio dessa curva aí, cheia de ciclos. Tais curvas às vezes são simplificadas e descritas como W (dois vales e três ápices de humor). Mas nada impede que seu padrão seja um WW, um M ou, até, um U...
A experiência de um sanduicheiro no exterior é ideal para descrever todas as fases de adaptação cultural que uma pessoa morando no exterior tem que passar. Estudos científicos, baseados nos milhões de exemplos que existem ao redor do mundo, chegaram à uma interessante curva que mostra o ciclo de adaptação cultural de uma pessoa morando no exterior.
Essa daí traduzi da Universidade de Stanford, mas existem outras versões.
Basicamente, no noso caso, nosso humor passa por altos e baixos nesse tempo fora do Brasil. Na verdade, pela minha experiência, você pode até voltar pra trás nessa curva de adaptação.
Vamos por partes:
- Inscrição: pânico pra escrever o projeto, pra juntar todos os documentos (e são muitos), pra entender os sistemas estrambólicos da CAPES ou do CNPq e, depois, da eterna espera para saber o resultado. E como demora... Depois, se vc foi aprovado, vc fica feliz, mas só por um tempinho curto, pois são tantas coisas para arranjar, como passagem, moradia, visto, dinheiro etc. etc. etc.
- Chegada: pra quem nunca morou fora do Brasil, é realmente uma fascinação chegar num lugar diferente, onde as coisas parecem funcionar melhor, os lugares são limpos, a Universidade é mais bem equipada etc. Em resumo, tudo parece ser uma maravilha. Isso para mim durou umas semanas.
- Choque Cultural: esse daqui é um poço de humor frequente. Vira e mexe eu me encontro nele. Reparem na curva que o mínimo pode ser maior ou menor. A tendência é que com o tempo ele se torne menor. O choque cultural aqui é um período de stress pessoal em que temos que resolver muitos problemas no novo país, relacionados à casa, comida, transporte e trabalho, mas ainda não sabemos como as coisas funcionam direito. Às vezes eu me sentia um idiota por não saber como proceder em coisas simples, como ir ao mercado ou pegar um ônibus. A língua aqui é um enorme entrave, pois vc não se acostumou ainda com todo mundo falando outra língua, e vc ainda não está nem perto da fluência em outro idioma. E, óbvio, tudo funciona diferente do que vc está acostumado, caracterizando o choque de culturas.
- Adaptação: A rotina é a chave do sucesso. Acordar na mesma hora, fazer o mesmo caminho, ir ao mesmo mercado, encontrar padrões, sacar como as pessoas se comportam, ver quem bate mais com vc e quem vc não deve mexer (entenda o hoolingan!) etc. Isso te dá uma sensação ótima de segurança, que ajuda a suplantar o choque cultural. Minha rotina se estabeleceu depois de um mês e pouco de estadia aqui. E ainda está firme e forte. O idioma começa a ser menos problema do que era no começo. A dica aqui é tentar pensar na língua estrangeira e não ligar para os erros, pois vc continuará a cometê-los, mas serão menos frequentes.
- Isolamento mental: Acho que eu estou por aqui agora. O Thiago estava certo, época de feriado é horrível estar sozinho no exterior, ainda mais no Natal. Todo mundo volta pra casa, pois ou mora no mesmo país ou mora em país perto, no caso da Europa. Ainda não senti o tranco pra valer, pois na semana passada tudo ainda estava normal. Mas a partir de segunda apenas poucas pessoas estarão por lá, e a tendência é esse número diminuir mais no decorrer da semana até o Natal. Boatos são conta que a cidade fica deserta na véspera de Natal. Eu estarei aqui para comprovar. Esta situação é a definição clara de isolamento, mas isolamento físico além de isolamento mental, pois você está longe da sua família e amigos próximos. O isolamento mental acontece mais frequentemente, no dia-a-dia, uma frustração constante que você sente quando não consegue se expressar tão bem na língua estrangeira quanto conseguiria na sua língua nativa. É realmente frustrante.
- Aceitação e Integração: Já passei por essa fase também, e digo que é a melhor coisa que você pode sentir quando está fora da sua zona de conforto. Quando você é aceito e pode ser quem você realmente é, você está no ápice da curva de adaptação cultural. Os erros no idioma não são mais um entrave para comunicação, você já pode brincar com as pessoas pois já as conhece há suficientes meses, já conhece como as coisas funcionam e se sente seguro na sua vida como um todo. Essa fase é a que demora mais para chegar. Para mim foi perto de 3 meses, mas pode acontecer antes ou bem depois. Provavelmente a chegada de pessoas conhecidas possa ser um máximo maior do que este, mas aí é como estar roubando num jogo de cartas usando um coringa proibido, ou seja, não conta hehehehe
- A Volta: quando vc volta, o ciclo se repete no lado oposto. Você fica nervoso com a expectativa de voltar e ansioso para rever as pessoas que conhece. Mas o famoso "lá era melhor" pode ser uma sensação complicada que te deixa depressivo na volta. Não sei, pois ainda falta muito para eu chegar nessa fase. Mas, imagino eu, a readaptação cultural é muito mais rápida do que adaptar-se a uma cultura estrangeira.
Quem é sanduicheiro pode se achar no meio dessa curva aí, cheia de ciclos. Tais curvas às vezes são simplificadas e descritas como W (dois vales e três ápices de humor). Mas nada impede que seu padrão seja um WW, um M ou, até, um U...
sábado, 11 de dezembro de 2010
Made in China
Para provar a vocês que não sou preconceituoso com os chineses, apesar do histórico desagradável, aqui conto a história de Chen e Wei.
Lá estava eu num dia frio e chuvoso de outubro voltando para minha casa para o meu almoço. Devia ser uma terça ou quarta-feira, pois no sábado anterior me lembro da barulheira devido à mudança de um monte de estudantes para a minha moradia. Eu estava bravo pois eu não estava mais praticamente sozinho na moradia, meus vizinhos eram antipáticos, a internet tinha ficado sensivelmente mais lenta e os corredores passaram a ficar sujos com frequência. E eu botava culpa nos japoneses (não sabia na época que eram todos chineses!).
Bem, voltando àquele dia. Quando cheguei em casa, vi um casal oriental do lado de fora, cheios de malas e tomando chuva. Perguntei a eles quem eram e eles me disseram que estavam se mudando para lá, mas a responsável pelo escritório de gerência não atendia à campainha ou ao telefone. Na hora me lembrei do meu dia de mudança, em agosto, quando passei maus bocados do lado de fora na mesma rua, pois da mesma forma a dita cuja não atendia à campainha, e como eu não tinha celular, não podia ligar, até que um transeunte se ofereceu para ligar para mim.
Obs.: Aliás, essa funcionária é tão vagabunda que NUNCA eu a encontrei no escritório da gerência no horário amplo de trabalho dela (SEG-QUI 9h30-13h30), e eu já fui sem brincadeira mais de 50 vezes lá desde que cheguei, e eu já precisei várias vezes dela, principalmente no começo com meus problemas com o ralo entupido.
Bom, lá estava eu com os chineses molhados. Compadecido, pois sabia o que eles passavam, ofereci para que fossem para meu quarto. Lá chegando, eles me disseram que se chamavam Chen e Wei, um casal que chegava da China após 15 horas de voo. A menina, coitada, foi ao banheiro assim que entrou. Ofereci água e até comida para eles. Eles foram as primeiras visitas que eu recebi na minha casa. Já do meu quarto, tentei ligar para o número da funcionária, para a central da empresa em Oxford, mandei e-mail para todos os endereços que encontrei no site deles. Enfim, fiz um escarcéu. Afinal, quem iria dar as chaves do quarto para os chineses?
Enfim, como eles se recusaram a comer em casa, os instruí de onde ficava o supermercado mais próximo ou alguns restaurantes aqui da rua. Disse que eu ficaria em casa com as malas deles e, quando eles voltassem, eu retornaria para trabalhar na faculdade. E lá estava eu com um monte de malas no meu quarto... Esperei 20, 30 minutos e nada, nem eles voltavam nem ninguém da empresa me retornava. 40, 50, uma hora e nada. Onde eles tinham ido? E esse pessoal da empresa, não trabalha não? Esperei uma hora e meia. Eu deveria ter voltado a uma hora atrás para trabalhar, mas como eu poderia abandonar as malas dos chineses no meu quarto?
Eu desci, olhei na rua para ver se não estavam perdidos, ficava de olho na janela, checava os e-mails e nada de ninguém em lugar algum. Duas horas desde que eles saíram. Eu estava em pânico, quem larga as malas no quarto de um estranho, sai para almoçar e não volta depois de DUAS horas? E qual empresa que não retorna ligações ou e-mails em DUAS horas?
Daí encontrei o funcionário da limpeza, Jeff. O cara é o oposto da menina responsável pela casa. Prestativo, simpático e trabalhador. Já o conhecia pela novela do ralo que durou muitas semanas. Só que ele cuida da limpeza, não da casa. Eu expliquei o problema, ele entendeu e disse que poderia entrar na sala da administração e pegar a chave do quarto deles. Sorte que eu tinha perguntado o número do quarto e o nome dos chineses! O Jeff confirmou e, juntos, fizemos 3 viagens do meu quarto para o quarto dos chineses carregando as malas daqueles desconhecidos...
Falei para o Jeff que os chineses tocariam a campainha do meu quarto quando voltassem, portanto o Jeff tinha que ficar de olho nas câmeras. E eu, quase 3 horas depois, voltei à Física. Liguei para o Jeff uma hora depois e ele confirmou que os chineses já estavam em sua nova casa. E que me prometeram um jantar chinês duas semanas depois...
E lá fui eu ao jantar. Não estava nem aí para levar alguma bebida ou colocar uma roupa melhor. Eles estavam retornando um 'favorzaço' que eu fiz! O jantar foi ótimo, o cara cozinha muito, e olha que eu odeio comida chinesa. E eles se mostraram super boa gente, interessados no Brasil e nas histórias daqui, e eu nas deles, pois na faculdade não há chineses no meu laboratório. Ambos vieram do Tibet, têm uma história de vida diferente, lutaram bastante e tal, diferentemente do que são os outros chineses que moram aqui, egoístas e antipáticos, palavras dos próprios Chen e Wei, que dizem que esse perfil de jovem é cada vez mais comum lá na China e que eles consideram um subproduto do capitalismo (sim, eu concordo com eles e, sim, eles são comunistas!).
Depois desse jantar, nos encontramos mais vezes pelos corredores e conversávamos rapidamente. Prometi a eles que quando voltasse de Londres de novo eu cozinharia um jantar brasileiro para eles, com pão de queijo de aperitivo, salada com azeite e sal, feijão e carne. E foi o que eu fiz quarta-feira. A chinesa disse que minha mãe se orgulharia de me ver cozinhando! Eles disseram que gostaram da comida (sim, eu também gostei!). Conversamos de novo sobre vários temas, desde como ia o trabalho meu e deles na Universidade até como funciona o vestibular no Brasil e na China. Xingamos a funcionária juntos e elogiamos o Jeff juntos. Comentamos sobre o Natal e o Ano Novo chinês. Falamos sobre pratos típicos dos dois países. E é aqui que encerro este relato sobre os dois, com este pequeno excerto para que reflitamos sobre as diferenças culturais entre Ocidente e Oriente:
-André: Sei que na Coreia eles comem cachorro. Vocês comem carne de cachorro lá?
-Chen: É, tem raças que são criadas para isso. Eu comi uma vez, mas não gostei. Mas lá é aceito normalmente.
-Wei: Eu nunca comi.
-André: (cara de asco)
-Wei: Não, calma, a gente não come nossos cachorros de estimação.
-André: Puxa, que alívio... =P
-Chen: Mas quando nossos cachorros morrem, a gente vende para os vizinhos poderem comer...
domingo, 5 de dezembro de 2010
Londres contra-ataca
Para a minha segunda visita em Londres desde que cheguei aqui, pensei num roteiro mais alternativo, na periferia da cidade, fugindo das principais atrações turísticas que eu já tinha visitado no ano passado ou na minha primeira visita.
Eis aqui o resultado do passeio, numa série de "Toma essa" (inspirado neste post):
9h30 - Victoria Station - Toma essa, tempo bom:
10h30 - Embaixada Brasileira - Toma essa, eleitor:
11h30 - Westbourne Park - Toma essa, jejum de feijão e pão de queijo:
12h30 - Westminster Pier rumo a Greenwich - Toma essa, metrô:
13h30 - Mercado de Greenwich - Toma essa, aversão a multidões:
14h - Mercado de Greenwich - Toma essa, feirinha de comidas 'típicas'
14h30 - Greenwich - Toma essa, periferia de São Paulo:
15h - Meridiano de Greenwich - Toma essa, Oriente
15h30 - Planetário e Observatório de Londres - Toma essa, noção de tamanho, tempo e espaço:
16h30 - Museu Nacional Marítimo - Toma essa, rio Tietê
17h - Greenwich - Toma essa, luz do Sol
18h30 - Oxford Circus - Toma essa, 25 de Março
Eis aqui o resultado do passeio, numa série de "Toma essa" (inspirado neste post):
9h30 - Victoria Station - Toma essa, tempo bom:
10h30 - Embaixada Brasileira - Toma essa, eleitor:
11h30 - Westbourne Park - Toma essa, jejum de feijão e pão de queijo:
12h30 - Westminster Pier rumo a Greenwich - Toma essa, metrô:
13h30 - Mercado de Greenwich - Toma essa, aversão a multidões:
14h - Mercado de Greenwich - Toma essa, feirinha de comidas 'típicas'
14h30 - Greenwich - Toma essa, periferia de São Paulo:
15h - Meridiano de Greenwich - Toma essa, Oriente
15h30 - Planetário e Observatório de Londres - Toma essa, noção de tamanho, tempo e espaço:
16h30 - Museu Nacional Marítimo - Toma essa, rio Tietê
17h - Greenwich - Toma essa, luz do Sol
18h30 - Oxford Circus - Toma essa, 25 de Março
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
¡Viva la España!
No colégio, eu era um dos poucos que prestava atenção e, mais ainda, que gostava das aulas de espanhol do professor Arnaldo. Lembro de um ano em que eu tirei 10 em todas as provas de todos os trimestres. E não falo isso para me gabar não, pois eu não estudava a matéria o suficiente para não errar nada, é que eu achava as provas fáceis. Em casa, eu gostava de assistir no canal 27, TVE (Televisión Española), ao programa Saber y Ganar, um típico programa de perguntas e respostas. E daí eu ia sedimentando a língua na minha cachola.
Cientificamente isso me ajudou um bocado quando tive que ir para Córdoba na Argentina durante uma semana em 2008 para meu projeto de doutorado. Turisticamente isso também me ajudou quando passeei em Buenos Aires um ano mais tarde com meus amigos e minha irmã querida e maravilhosa.
Porém, por incrível que pareça, isso também me ajudou aqui em Bristol. Não cientificamente, nem muito menos turisticamente. Mas, sim, amistosamente.
Há dois espanhóis no laboratório, mas quase sempre nos falamos em inglês. No entanto, há um inglês de Bristol lá, Jim, que tem uma namorada espanhola. Há umas semanas atrás estávamos conversando sobre isso e ele comentou que está estudando espanhol sozinho há meses para surpreender a namorada e pedi-la em casamento em espanhol. Só que ele não tem com quem praticar a fala, e isso é essencial pois ele quer pedir a mão da namorada para o pai antes, do modo tradicional, e também para poder se comunicar legal na língua nativa dela e da sua família em situações do cotidiano.
Romantismos à parte, eu me ofereci para ajudá-lo. Convidei-o para almoçar aqui em casa na semana passada, contanto que durante o almoço só falaríamos espanhol. E confesso que foi uma experiência fantástica não só para ele, mas para mim também. Ele está confortavelmente acostumado a ver as pessoas se matando para falar a língua dele, como eu. Essa foi a primeira vez que vi um inglês se esforçando para tentar falar outra língua. E falando errado!!! Confesso que senti uma felicidade interna vendo um inglês "struggling" para falar outra língua, já que a maioria aqui se contenta em falar só o inglês.
Ele estava tão tímido que foi difícil pegar no tranco. Ficava vermelho a cada frase que tentava falar. Toda hora Jim voltava para o inglês quando não sabia falar alguma coisa em espanhol. E ele estava tão preocupado em não cometer erros, em conjugar certo os verbos e coisas assim, que cada frase dele demorava uns 10 minutos. Ele só se soltou quando eu assegurei que eu não estava nem aí para os erros que ele estava comentendo, que o único que estava julgando ele era ele mesmo. Ele tinha que passar a barreira do orgulho próprio e se dispor a falar e a errar. E não recorrer para outra língua quando não sabe falar algo, assim como eu não tenho para onde correr quando não sei falar algo em inglês.
Depois que ele pegou confiança foi muito legal. Ele cometia erros mas não ligava mais para eles. Falta muito vocabulário pra ele e a conjugação é complicadíssima, pois as estruturas das línguas são muito diferentes. Mas o mais importante: ele conseguia se comunicar. Falamos sobre tudo que lhe era familiar, tipo o lab, Bristol, o tempo, críquete etc. Foi divertido. Tanto que depois ele queria continuar falando espanhol quando voltamos para o lab. Vamos fazer de novo qualquer dia desses.
E o melhor: quando eu não sabia falar alguma coisa em espanhol, eu falava em português e ele nem percebia... =P
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
O quanto nóis sofre
Vejam o tanto de sotaques diferentes que existem por aqui (e nos States também). O vídeo foi certificado por ingleses locais como fidedigno aos sotaques daqui.
É dose pra entender os sotaques, seja ao vivo, seja na TV...
E eu tenho que agradecer porque eu não estou na Escócia, que é pior do que o que aparece no vídeo...
PS: Foi minha calma e tranquila irmã quem me forneceu este precioso material, portanto muito obrigado a ela por todos os seus esforços em prol do meu entretenimento e bem-estar aqui.
É dose pra entender os sotaques, seja ao vivo, seja na TV...
E eu tenho que agradecer porque eu não estou na Escócia, que é pior do que o que aparece no vídeo...
PS: Foi minha calma e tranquila irmã quem me forneceu este precioso material, portanto muito obrigado a ela por todos os seus esforços em prol do meu entretenimento e bem-estar aqui.
domingo, 14 de novembro de 2010
Jantar à moda inglesa
Na última quinta-feira tive a oportunidade de ter um jantar tipicamente inglês, numa casa tipicamente inglesa com ingleses típicos.
O problema é que eu não conhecia nem a casa, nem o menu, nem as pessoas com quem jantaria.
A Universidade de Bristol tem uma associação vinculada a ela que é responsável pela recepção aos estudantes internacionais. Eles organizam eventos cujo objetivo é integrar o estudante estrangeiro na comunidade britânica e fazê-lo se sentir menos sozinho. E eles têm um programa de "intercâmbio" entre alunos estrangeiros e famílias britânicas interessadas em "adotar" um estudante durante o ano letivo. E havia uma família particularmente interessada em estudantes que falassem português. A dona da associação perguntou se eu toparia ser "adotado" por essa família. E eu topei.
Daí na quinta passada me preparei para encontrá-la. Ou eu teria um belo jantar ou seria vítima de um sequestro bastante bizarro... O pai veio me buscar aqui em casa e me levou até a casa da família. Na frente, uma placa (em inglês): Bem-vindos à casa dos...
Simpsons, pois é...
Enfim, lá cheguei e fui recepcionado pela esposa de Homer (quer dizer, Dave...), Heidi. E pela sua mãe, Andree (sim, BIZARRO). E também pelos três filhos, o mais velho Harry (6 anos) e as meninas pequenas Charli (4 anos) e Grace (2). Configuração idêntica à dos Simpsons...
Bom, ainda bem que eu até gosto de crianças, porque para quem não gosta entrar na casa dos Simpsons seria como entrar no inferno. Aquela barulheira, criança subindo na cadeira, fazendo bagunça, destruindo o grampeador... E os pais coitados tentando manejar a situação e ao mesmo tempo falar comigo.
Depois do jantar insosso (coitado do Jamie Oliver, a comida inglesa bem que podia ser mais gostosa né?), hora da sobremesa. Eu, educadamente, esperaria que todos se servissem para começar a comer. Paspalho... A Lisa (Charlie) do nada grita no meu ouvido: EAT IT NOW!!!!!! OK, sim senhor capitão! Comecei a comer no próprio impulso do susto... e a menininha se divertia comigo lá...
Hora de dormir para as crianças. Elas estavam doidas para me mostrar o quarto delas e suas camas. O menininho dormia em cima na beliche e tinha feito até uma cabaninha para ler à noite sem atrapalhar as irmãs. O Harry desenhou um Science Man na sua parede. E o pai fez questão de dizer que eu era um Science Man... daí o menino perguntou para mim o que eu fazia... Tricky question... Respondi que eu era aqueles caras que misturavam líquidos e faziam eles mudarem de cor e sair fumaça. Ele adorou! E a mãe disse que eu fazia coquetéis...
Depois da leitura das historinhas, eles dormem e os adultos descem para conversar na sala. Eu pensei: finalmente falaria português! Paspalho (desculpa Thiago, mas gostei da palavra!). Eles tinham morado 6 meses em Lisboa e sabiam falar algumas palavras apenas. E eu não estava a fim de ser professor, portanto nem insisti muito. O máximo que falei foi com as crianças quando elas aprenderam a falar "Boa noite". E elas falaram no mínimo uns 30 boa noites cada...
De resto, tomei chá com os adultos falando sobre trivialidades ao lado da lareira. Foi divertido falar com adultos ingleses numa casa tipicamente inglesa. Nada demais, mas ajudou a quebrar a rotina.
Vamos ver o que minha família inglesa tem reservado para mim no próximo encontro...
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Manchester - Parte 2
O museu da Ciência e Indústria é a melhor coisa que vi em Manchester. Mas a cidade tem outras coisas interessantes, dentre elas o motivo real de eu ter me deslocado da minha casinha para esta longínqua cidade no norte do país.
Biblioteca Central de Manchester
Estátua da rainha Vitória, que governou esta birosca por trocentas décadas, a época de ouro da Inglaterra, coincidindo com o período da Revolução Industrial (adivinhe porque ela é uma divindade por lá)
Região dos prédios e negócios
Mas a principal razão da minha ida lá foi pra ir ao Old Trafford, estádio do Manchester United. E poder ver um jogo da Premier League, primeira divisão do campeonato inglês.
Antes, contudo, paradinha para me abastecer com o tradicional Fish 'n' chips, peixe com fritas, prato típico daqui:
Chegando ao estádio, impressiona a organização e limpeza (tanto quanto Derby, mas aqui tinha muito mais gente). Sentei no meu lugarzinho (virei uma daquelas cabecinhas brancas com casacos escuros que a gente vê na torcida quando assiste campeonato europeu na TV) e esperei pelo jogo.
Vinte minutos antes do jogo o estádio estava assim:
E 20 minutos depois estava assim:
Exatamente 75.272 pessoas estavam lá. O maior público que já vi. E era só um jogo de sexta rodada, contra um time pequeno (West Bromwich Albion). E não podia começar melhor para o time da casa: 5 minutos Hernandéz fez 1x0, vinte minutos depois Nani 2x0. Show do "maior do mundo", como o locutor oficial do estádio falava. Rooney, Scholes, Ferdinand, Evrá etc. estavam jogando muito. E no intervalo a torcida cantava o hino a plenos pulmões:
However, já diria o filósofo, futebol é uma caixinha de surpresas. Escanteio e quem é que sobe? Goool do West Brom. Cinco minutos depois Van der Sar falha clamorosamente e gooolll do West Brom! Eu mais feliz que qualquer um ao meu redor, pois odeio o Manchester United. E ainda mais por causa de uma mulher tosca que ficava pronunciando o D no final do United com tanto gosto que me dava vontade de passar a tesoura na língua... O jogo ainda teve um lance emocionante no final quando o juiz tentou ajudar o UniteD dando uma falta dentro da área:
Com o resultado, a mesma torcida que gritava "(...) glory glory Man United and the Reds go marching on on on" teve que ir para casa ouvindo da torcida do West Brom: "(...) and the Reds go marching home home home"...
P.S.: Para os preguiçosos, 419 palavras só... =P
Biblioteca Central de Manchester
Estátua da rainha Vitória, que governou esta birosca por trocentas décadas, a época de ouro da Inglaterra, coincidindo com o período da Revolução Industrial (adivinhe porque ela é uma divindade por lá)
Região dos prédios e negócios
Mas a principal razão da minha ida lá foi pra ir ao Old Trafford, estádio do Manchester United. E poder ver um jogo da Premier League, primeira divisão do campeonato inglês.
Antes, contudo, paradinha para me abastecer com o tradicional Fish 'n' chips, peixe com fritas, prato típico daqui:
Chegando ao estádio, impressiona a organização e limpeza (tanto quanto Derby, mas aqui tinha muito mais gente). Sentei no meu lugarzinho (virei uma daquelas cabecinhas brancas com casacos escuros que a gente vê na torcida quando assiste campeonato europeu na TV) e esperei pelo jogo.
Vinte minutos antes do jogo o estádio estava assim:
E 20 minutos depois estava assim:
Exatamente 75.272 pessoas estavam lá. O maior público que já vi. E era só um jogo de sexta rodada, contra um time pequeno (West Bromwich Albion). E não podia começar melhor para o time da casa: 5 minutos Hernandéz fez 1x0, vinte minutos depois Nani 2x0. Show do "maior do mundo", como o locutor oficial do estádio falava. Rooney, Scholes, Ferdinand, Evrá etc. estavam jogando muito. E no intervalo a torcida cantava o hino a plenos pulmões:
However, já diria o filósofo, futebol é uma caixinha de surpresas. Escanteio e quem é que sobe? Goool do West Brom. Cinco minutos depois Van der Sar falha clamorosamente e gooolll do West Brom! Eu mais feliz que qualquer um ao meu redor, pois odeio o Manchester United. E ainda mais por causa de uma mulher tosca que ficava pronunciando o D no final do United com tanto gosto que me dava vontade de passar a tesoura na língua... O jogo ainda teve um lance emocionante no final quando o juiz tentou ajudar o UniteD dando uma falta dentro da área:
Com o resultado, a mesma torcida que gritava "(...) glory glory Man United and the Reds go marching on on on" teve que ir para casa ouvindo da torcida do West Brom: "(...) and the Reds go marching home home home"...
P.S.: Para os preguiçosos, 419 palavras só... =P
sábado, 6 de novembro de 2010
Pequeno factóide cômico
Estava eu ontem no banheiro masculino do Departamento de Física, após o almoço, escovando meus dentes. Eis que entra Tim, um cara lá do laboratório. Ao passar pela parede e chegar à região das pias, Tim me vê. Instantaneamente ele se assusta como se tivesse visto o próprio demônio, produzindo inclusive um ruído audível. E aí ele começa a rir. Eu pergunto:
- O quê foi?
- (Ele continua rindo)
- O quê foi????
- Não é nada, é que você está escovando os dentes.
- Sim, depois de todas as refeições, incluindo o almoço, eu escovo os dentes.
- Faz sentido.
- E por que você se assustou?
- É que eu não esperava ver isso quando entrei no banheiro, nunca vi ninguém escovando os dentes nos banheiros aqui da Física.
Detalhe: Tim estuda aqui desde a graduação e vai concluir o doutorado esse ano, portanto frequenta os banheiros da Física há pelo menos oito anos.
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